As atrizes Juliette Binoche e Camille Cottin,bem como o realizador Michel Hazanavicius ("O Artista"), estão entre os cerca 300 profissionais da cultura francesa que pedem a retirada da polémica reforma das pensões.

Num apoio às manifestações que têm juntado milhares de pessoas nas ruas, a carta-aberta publicada na quarta-feira no jornal Libération dirige-se diretamente ao presidente francês Emmanuel Macron: "Você escolheu promoveu uma reforma das pensões que é injusta, ineficiente e que afeta mais severamente as pessoas e mulheres mais vulneráveis", notando que "reforma foi rejeitada pela imensa maioria da população".

Os profissionais da cultura francesa também dizem que as mulheres do setor costumam ficar em desvantagem em comparação com os homens porque "os papéis são oferecidos mais raramente às mulheres com mais de 50 anos”.

Desde janeiro que Macron enfrenta uma forte oposição ao seu plano de adiar a idade de reforma dos 62 para 64 anos até 2030 e de antecipar para 2027 a exigência de contribuir durante 43 anos, em vez de 42, para receber o seu valor integral.

Após semanas de manifestações pacíficas e multitudinárias convocadas pelos sindicatos, os protestos intensificaram-se a 16 de março, quando o presidente anunciou a decisão de aprovar a sua reforma por decreto, temendo perder a votação no Parlamento.

Desde então, centenas de pessoas, jovens na sua maioria, foram às ruas de Paris e de outras cidades à noite, queimando caixotes de lixo e enfrentado uma polícia na mira por acusações de violência.

Uma entrevista na quarta-feira, o presidente francês disse "assumir" a "impopularidade" da sua reforma e acusou oposição, sindicatos e manifestantes radicais "sediciosos", contribuiu para aquecer os ânimos.

Ao todo, 457 pessoas foram presas, e 441 polícias ficaram feridos na quinta-feira, disse o ministro do Interior, Gérald Darmanin, que denunciou a "radicalização" de alguns manifestantes e atacou a "extrema esquerda".

Para evitar um "drama" e sair da crise social, o líder da CFDT — o principal sindicato —, Laurent Berger, propôs a Macron, em declarações na rádio RTL esta sexta-feira, "um tempo de escuta, diálogo e de pausar a reforma das pensões".

Berger pediu "seis meses para examinar (...) como poder colocar as coisas de volta nos trilhos" sobre o trabalho e as reformas, citando, por exemplo, o emprego de trabalhadores mais velhos, "o desgaste no trabalho" ou "as adaptações no fim da carreira".

Até o momento, Macron tem-se mostrado inflexível a qualquer mudança. O governo alega que a reforma, que pretende aplicar "até ao final do ano" após a eventual aprovação final por parte do Conselho Constitucional, tem como objetivo evitar um futuro défice na caixa da Previdência.

Mas o presidente está sob pressão: pelo menos 70% dos franceses consideram o governo responsável pela violência, de acordo com uma pesquisa feita pela Odoxa na quinta-feira.

Esta sexta-feira, o Conselho da Europa, órgão regulador dos direitos humanos criticou o "uso excessivo da força" por parte da polícia francesa durante as manifestações.

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