Paulo Cambinda, angolano a viver na Alemanha há 15 anos, foi um dos responsáveis pela introdução da kizomba em Berlim. "As pessoas perguntavam sobre a origem da dança e quando explicava que era uma dança africana ninguém queria aprender porque pensavam que era uma dança estilo tribal", relembra Paulo, que ensina o ritmo há quatro anos.

Quando Paulo chegou à capital alemã, a salsa dominava o panorama da dança em Berlim e só depois da organização do Congresso Internacional de Kizomba & Semba em 2013, o ritmo ganhou o seu próprio espaço.

"Vieram os artistas mais conhecidos a nível internacional: o Petchu, o Tony Pirata. A partir daí houve uma grande aceitação da dança, até por parte dos organizadores de salsa, que finalmente perceberam que era uma dança séria", explica.

Outro desafio que Paulo Cambinda teve de ultrapassar foi a diferença cultural entre alemães e angolanos.

"Houve um certo problema cultural porque os alemães estranhavam o contacto físico, achavam a dança muito junta. Os alemães gostam muito da sua área privada. Então imagine alemães que não se conheciam e tinham logo que dançar colados, peito com peito! Até hoje leva-me sempre tempo para sensibilizar as pessoas" graceja o professor que dança kizomba desde os sete anos.

O contacto físico não parece ser um problema para Aneta e André, que já frequentam as aulas de kizomba há seis meses. André descobriu a dança por acaso quando "procurava vídeos de zumba na internet”. “Apaixonei-me pela dança de imediato", explica.

Aneta, de 29 anos, acrescenta que, para já, a kizomba é um pequeno segredo do casal e explica: "estamos a preparar uma surpresa para o nosso casamento agora em agosto" confidencia.

Cristian, de 41 anos, começou pela salsa mas rapidamente se deslumbrou com a "elegante e sensual" kizomba. "Alguns amigos disseram-me que a salsa é boa de dançar, mas kizomba é muito melhor. É uma espécie de tango africano".

Paulo Cambinda adianta que a popularidade da dança já resultou na abertura de uma discoteca só de kizomba na capital alemã, o que tem estimulado a procura de aulas, mas que a moda do ritmo africano também tem ajudado a corromper a base da dança. "As pessoas quase não têm tempo para aprender os passos base da kizomba. A dança tem muita improvisação, mas os passes base têm de existir, quer em Lisboa, Luanda ou Londres", descreve o professor.

É nas festas de kizomba que o casal Jan e Veselina põe em prática os movimentos que aprende nas aulas de Paulo.

"Há uma grande variedade de nacionalidades e um grande potencial para espalhar a kizomba entre os alemães", adianta Jan.

Veselina gosta da dança por ser "muito sensual e passional e uma excelente oportunidade para as pessoas se conhecerem melhor".

Mas acrescenta: "quando o Jan não quer dançar, eu convido outras pessoas. Os alemães são muito tímidos. Se ficar à espera que me convidem para dançar, bem posso esperar a noite toda", brinca a jovem de 28 anos.