Kygo é uma das mais recentes estrelas da música eletrónica desde a sua ascensão ao estrelato em 2014, com o lançamento da sua primeira canção original, "Firestone ft. Conrad Sewell". Agora, pela primeira vez em Portugal, o DJ norueguês esteve presente no MEO Arena, em Lisboa, no passado sábado, a 16 de abril.

Quando ouvimos falar em MEO Arena, pensamos em algo em grande, não fosse este o maior palco interior do país. Contudo, foi com surpresa que entrámos no recinto para constatar o seu quase vazio.

Com o palco a meio do pavilhão, o balcão superior completamente encerrado, e uma plateia e primeiro balcão bastante despidos, ficámos completamente de cara à banda.

Em seguida, antes de surgir a verdadeira atração da noite, o público teve direito a outras duas atuações, sendo que o primeiro a marcar presença no palco foi o DJ Sonny Alven.

Contudo, sendo o artista que mais se deveria identificar com o tipo de público presente, foi de facto quem mais nos desiludiu. A sua atuação foi curta (como sempre sucede nas atuações de abertura) e Sonny não fez por aproveitar o seu tempo. Com uma escolha de música pouco enérgica e algumas falhas no seu processo de remisturas (com sobreposições pouco subtis), foi preciso ouvir-se alguns clássicos da disco e eurodance, como "September", dos Earth, Wind & Fire, ou "The Rythm of the Night", de Corona, para que o público se manifestasse.

Em seguida, foi a vez da cantora Anna of the North, pisar o palco. No entanto, nova atuação, nova desilusão.

Embora a sua voz fosse afinada e os instrumentais não fossem de deitar fora, a grande falha terá sido o repertório. "Sway" ou "Baby" são faixas que não se interligam, mas a sonoridade e o timbre vocal nunca se alteravam, criando um clima de monotonia que, uma vez mais, não cativava o público.

Por fim, a horas certas (sendo que toda a noite foi marcada pela pontualidade e o bom funcionamento da organização), eis que chega o momento mais esperado da noite: a chegada de Kygo.

É sabido que o DJ norueguês já toca piano desde pequeno e que a sua paixão pelo instrumento nunca desapareceu, por isso não foi de espantar que, após o cair da cortina, o artista tenha aparecido já sentado, dando os primeiros acordes da faixa "Younger", de Seinabo Sey.

O ambiente mudou por completo. Os espectadores começaram a juntar-se mais, os corpos começaram a ganhar vida enquanto se mexiam ao som da batida e todo o cenário de luzes também ajudava.

Alguns faixas conhecidas, como a sua remistura de Ed Sheeran & Passenger, "No Diggity vs. Thrift Shop", ou "I See Fire", de Ed Sheeran, foram algumas das escolhas de Kygo que animaram a noite: "Como se estão a sentir? Esta é a minha primeira vez em Portugal e estou muito entusiasmado! Acho que vocês vão reconhecer estas agora...", eram as palavras de Kygo antes da sua apresentação.

Para além das já referidas, "Wait", dos M83, ou "Sexual Healing", de Marvin Gaye, foram outras das remisturas da noite.

O DJ norueguês também aproveitou para exibir alguns dos seus originais, como foi o caso de "Stay feat. Maty Noyes" ou "Stole the Show feat. Parson James", sendo que a última faixa teve direito à maior chuva de confetti que já se viu, deixando o chão completamente branco.

Para o fim ficou a sua primeira música original, "Firestone", onde o DJ nos presenteou com uma versão em acústico consigo ao piano, mas apenas numa primeira fase, passando depois para a versão comercial que todos conhecem, com a cantora Anna from the North a acompanhar na voz.

Sempre grandes (ou mesmo nenhumas) despedidas, foi com esta última faixa que o artista norueguês fechou o concerto e se aposentou do palco com mais uns disparos de confetti pelo meio.

Em conclusão, podemos então referir que independentemente de existir algum vazio no público, Kygo conseguiu fazer a festa por inteiro, sem se conter perante uma sala possivelmente mais vazia do que o costume. Revertendo o começo do programa da noite, o DJ levantou o espírito dos presentes na sala e fechou o concerto em grande, quando tudo fazia prever o pior, revelando-se uma verdadeira estrela (musical e espiritual) que certamente iremos continuar a ouvir.

Fotos: Ana Castro