A partir desta quarta-feira, 24 de maio, e até 1 de Junho vai poder ouvir as canções do projeto "Língua Franca" no metro de Lisboa e do Porto. Para isso, terá apenas de apontar o seu telemóvel para os cartazes espalhados pelas estações e fazer scan ao QR Code.

Os cartazes têm temas diferentes do disco que chega às lojas na próxima sexta-feira, 26 de maio.

Unidos pela “Língua Franca”, os rappers portugueses Capicua e Valete e os brasileiros Emicida e Rael gravaram um disco em conjunto apadrinhado por Caetano Veloso.

Em comum, além de serem rappers e de terem o português como língua materna, “mesmo que em expressões diferentes, com palavras e sotaques diferentes”, Capicua, Valete, Emicida e Rael encaram a música de maneira semelhante, como “uma forma de espalhar mensagem, de transformar o mundo, um compromisso não só enquanto trabalho artístico mas também enquanto missão”, defendeu Capicua, em entrevista conjunta com Valete à agência Lusa.

Língua Franca

O disco só é editado na sexta-feira, mas o músico brasileiro Caetano Veloso já o ouviu e até escreveu um texto sobre “Língua Franca”. Para Caetano Veloso, “é todo um mundo humano que se representa nessa associação de MC [Mestres de Cerimónias]”.

Para Valete e Capicua, o interesse do músico no projeto “foi incrível”. “Creio que o Caetano percebeu a importância do disco. Isto é um projeto luso-brasileiro que tem de ser repetido, pode não ser nesta forma. É mesmo uma fusão: na língua, na cultura e na música. Creio que é mesmo uma peça única, muito especial”, afirmou Valete, sublinhando que quem ouvir o disco vai perceber que nele “há muito de música brasileira e muito do que se pratica no hip-hop português mais tradicional”.

Reveja a visita de Capicua e Valete ao SAPO para apresentar "Língua Franca":

O projeto Língua Franca, que é também o nome do disco, surgiu a convite da editora discográfica Sony. A ideia, explicou Valete, era “criar um projeto luso-brasileiro de hip-hop”.

Os produtores do disco – o português Fred Ferreira e os brasileiros Kassin e Nave – juntaram-se durante algumas semanas no Rio de Janeiro, “uma espécie de laboratório”, para “trabalhar nos instrumentais”, contou Capicua.

Mais tarde, num estúdio em Lisboa, foi a vez de os quatro rappers se reunirem para fazer “uma seleção dos instrumentais” que iriam usar, “discutir os temas que seriam abordados” e “quem é que entrava em cada tema”. No fundo, decidir “como seria o esqueleto do disco”.

Nesses dias em Lisboa, “de laboratório e intenso trabalho coletivo”, ficou despachado “quase 80% do trabalho criativo e de gravação do disco”. “O resto foi sendo feito durante o último ano, mais por correspondência”, recordou Capicua.

Um dos temas, “AFROdite”, conta com a participação de Sara Tavares. O convite à cantora portuguesa foi “consensual”. A música, defendeu Valete “tem uma ‘vibe’ super Sara, super-africana”.

Além disso, “fala da beleza da mulher africana e fazia sentido convidar uma mulher africana para a cantar”.

“Achamos que ela representa a alegria e majestade da beleza africana”, referiu Capicua, acrescentando que “resultou muito bem, até porque veio trazer um pouco de África ao disco e a lusofonia também se faz dos países africanos de expressão portuguesa”.

O disco tem ainda um outro convidado, o MC brasileiro Coruja, que traz ao tema “Egotrip” “o reforço do rap brasileiro no disco”.

O projeto apresenta-se ao vivo a 14 de julho no festival Super Bock Super Rock, em Lisboa, num concerto que serão “cinco num só”. “Vai ser um privilégio para as pessoas porque vão ser cinco concertos num só: Língua Franca, Capicua, Emicida, Valete e Rael e até uma coisa que nunca fizemos que é cantarmos [ao vivo] músicas que temos juntos”, adiantou Valete.