Neste livro, publicado um ano após a morte do autor, é traçado um cenário de guerra numa Europa desintegrada, sem energia, transportes e comida, e de uma civilização decadente.

Na novela que abre este livro, Samuel, o guerreiro-profeta, lidera um grupo de combatentes que tentam recuperar a velha Europa, em pleno cais apocalíptico.

A União Europeia desintegrou-se, os países estão em guerra, faltam transportes, energia, internet, comida e é neste cenário que Paulo Varela Gomes dá corpo à sua ideia de decadência – dos homens e das civilizações -, a qual é inalienável da possibilidade de redenção e de bondade, sintetiza a editora, numa nota à imprensa.

As ideias de redenção e de bondade estão também na base dos outros contos reunidos neste volume, servindo como fio condutor dos últimos textos que Paulo Varela Gomes escreveu.

“A fúria, a desilusão, o amor e a esperança deste livro ecoam nas palavras do narrador-personagem de ‘A Guerra de Samuel’: 'Esperemos, pois, todos, homens e anjos caídos, que o inferno não exista. Na encruzilhada entre a possibilidade e a realização, a escolha é nossa, não de Deus'”, adianta a Tinta-da-China.

Paulo Varela Gomes, nascido em 1952, teve uma carreira literária fulgurante, que começou tarde e terminou cedo.

Entre 2012, ano em que lhe foi diagnosticado um cancro que lhe ditou um prazo curto de vida, e 2016, escreveu quatro romances, todos editados pela Tinta-da-China, e foi distinguido com prémios literários: “O Verão de 2012”, “Hotel” (Prémio PEN Narrativa), “Era uma vez em Goa” (Grande Prémio de Romance e Novela APE) e “Passos Perdidos”.

Coligiu ainda um volume de crónicas, “Ouro e Cinza”, e publicou um texto “avassalador” na revista Granta, intitulado “Morrer é mais difícil do que parece”, no qual descreve os caminhos de sofrimento e alegria, de esperança e desesperança, que percorreu desde que descobriu que tinha um cancro em fase avançada e metastizado.

O texto começa com a afirmação “Tenho um cancro de grau IV” prossegue: “De cada vez que abro o teclado do computador na intenção de escrever, ocorre-me a frase, já mil vezes repetida, 'Quando estiverem a ler estas linhas, é provável que o autor já não esteja vivo'”.

Paulo Varela Gomes foi professor do ensino secundário e do ensino superior, até se reformar, em 2012.

Autor de artigos e livros da sua área de especialidade (História da Arquitetura e da Arte), foi colaborador e cronista permanente de vários jornais e revistas, autor e apresentador de documentários para televisão, como a série "O Mundo de Cá", sobre a presença portuguesa no Oriente, emitida pela RTP na década de 1990.

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