A partir de hoje, está patente ao público no átrio da Biblioteca de Arte e Arquivos da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG), em Lisboa, a exposição “Madalena de Azeredo Perdigão (1923-1989): vamos correr riscos”.

A mostra, patente até 20 de julho, apresenta uma vertente biográfica e uma retrospetiva do percurso da antiga diretora do Serviço de Música e do ACARTE – Serviço de Animação, Criação Artística e Educação pela Arte, na Gulbenkian, através de documentos inéditos, fotografias, programas de concertos, recortes de jornais, edições e partituras, segundo informação da FCG.

Hoje, ao final do dia, terá lugar no grande auditório o concerto “A transfiguração de Nosso Senhor Jesus Cristo”, de Olivier Messien, pelo Coro e Orquestra Gulbenkian, dirigido por Myung-Whun Chung.

Esta obra resultou de uma encomenda do Serviço de Música da fundação, na altura dirigido por Madalena de Azeredo Perdigão, e “será também pretexto para uma homenagem ao seu espírito pioneiro e inovador”, esclarece a Gulbenkian.

Outro destaque da programação é a realização, no dia 06 de junho, de um colóquio que vai evocar a sua vida e ação, mas também os desafios atuais e futuros do seu legado.

Este encontro contará com a abertura pelo administrador da Gulbenkian, Guilherme d’Oliveira Martins, e pelo musicólogo e comissário da exposição, Rui Vieira Nery.

Entre as intervenções previstas, conta-se uma conduzida por Mariana Portas e subordinada ao tema “‘Trata-se duma iniciativa de grande alcance’. A atividade musicológica do Serviço de Música da Fundação (1958-75): estratégia e eixos de intervenção”.

Já da parte da tarde, António Pinto Ribeiro abordará o tópico “Éramos jovens, queríamos conquistar a Europa e ser cosmopolitas. O ACARTE foi onde tudo começou”.

O colóquio encerra com a mesa-redonda “Experimentação, Criação, Colaboração. O que faz falta, hoje?”, um debate que interpela os participantes a refletir em conjunto sobre a relevância de um espaço dedicado às artes e à cultura na atualidade.

Esta discussão acontece tendo também em vista a reabertura, no próximo ano, do Centro de Arte Moderna (CAM) e a celebração dos 40 anos da criação do ACARTE (1984).

O colóquio contará ainda com intervenções de José Sasportes, Inês Thomas Almeida, Manuela Encarnação, Ana Bigotte Vieira, Marco Roque de Freitas, Pedro Roxo e Helena Simões, entre outros.

No decorrer do colóquio, será lançado o livro “Vamos correr riscos: textos escolhidos de Madalena de Azeredo Perdigão”, editado pela Fundação Calouste Gulbenkian em parceria com a Tinta-da-China, que inclui o Manifesto ACARTE, textos com a sua visão estratégica sobre a descentralização dos Festivais Gulbenkian, sobre a acessibilidade da cultura e a inclusão, entre outros documentos, que ajudarão a conhecer melhor o seu legado.

No mês de outubro, a fundação apresenta a exposição “Dança Não Dança. Arqueologias da Nova Dança em Portugal”, que estará patente na Sala de Exposições do piso 01, uma extensa cronologia dos momentos mais marcantes da história da dança em Portugal, na qual se incluem o Ballet Gulbenkian e o Grupo Experimental de Bailado, que esteve na sua origem, criados por Madalena de Azeredo Perdigão.

Pela mesma altura, será lançado o livro-catálogo da exposição, numa coedição com a INCM – Imprensa Nacional Casa da Moeda.

A mostra “Dança Não Dança” terá um programa paralelo, que incluirá conversas, filmes, performances e visitas guiadas.

Para o próximo ano, está prevista a iniciativa “ACARTE 40 Anos”, destinada a celebrar a criação deste serviço educativo e artístico, cujo programa ainda não está fechado, segundo a FCG.

Madalena de Azeredo Perdigão nasceu a 28 de abril de 1923 na Figueira da Foz, onde iniciou os estudos musicais, que depois completou em Coimbra.

Com 21 anos concluiu com distinção a licenciatura em Matemáticas pela Universidade de Coimbra, começou a dar aulas no liceu e casou com João José Lopes Farinha.

Em 1946, tornou-se se sócia autoproposta do Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas e, dois anos depois, concluiu o Curso Superior de Piano do Conservatório Nacional de Lisboa.

Nessa altura, iniciou uma carreira como solista, que teve de abandonar devido a um acidente na mão esquerda, dedicando-se então ao ensino de História da Música.

Começou a trabalhar na Fundação Calouste Gulbenkian em 1958, já depois de ter enviuvado, como responsável da secção de música.

A partir daí começou um longo e inovador percurso, que passou pela organização dos festivais Gulbenkian de Música, e pela direção do Serviço de Música de Fundação.

Já depois de casar com José de Azeredo Perdigão, criou as Bolsas de Estudo para Aperfeiçoamento Artístico, criou o Grupo Experimental de Ballet do Centro Português de Bailado, a Orquestra de Câmara Gulbenkian, mais tarde Orquestra Gulbenkian, o Coro Gulbenkian e o Grupo Gulbenkian de Bailado, mais tarde Ballet Gulbenkian (1975).

Em 1984 foi nomeada diretora do ACARTE, no âmbito do qual lançou os Encontros ACARTE, que trouxeram pela primeira vez a Portugal grandes criadores de referência das artes do espetáculo contemporâneo.

Madalena Perdigão morreu em Lisboa, a 5 de dezembro de 1989, com 66 anos.

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