Em declarações à agência Lusa, Marina Bairrão Ruivo, a diretora do Museu Arpad Szenes - Vieira da Silva, em Lisboa, gerido pela Fundação em nome dos artistas, indicou que o projeto "Museu para Todos" começou em 2016, e é hoje apresentado publicamente.

"A grande inovação deste projeto foi a criação de modelos tridimensionais de seis obras de Vieira da Silva e de Arpad Szenes, que podem ser tocados por cegos ou pessoas com baixa visão, como idosos, para poderem conhecer estas peças", revelou a responsável.

Esta foi uma das áreas do projeto, que conta com o apoio financeiro da Fundação EDP, com o patrocínio da Secretaria de Estado para a Inclusão das Pessoas com Deficiência, e o apoio técnico da ACAPO - Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal.

"Foi uma verdadeira revelação, porque os cegos percebem os planos e o espaço das obras que foram interpretadas para três dimensões", apontou.

O museu também criou guiões em linguagem Braille com a história dos artistas, "um instrumento pedagógico importante".

O projeto "Museu para Todos" possui três áreas, a primeira delas desenvolvida dentro do próprio museu, com a introdução de melhoramentos na deslocação no espaço, a pensar no público invisual, investimento na iluminação, novas tabelas das obras, sinalética ampliada, também pensada para o público com dificuldades de visão.

"Tivemos esta ideia em outubro de 2016, ganhámos o apoio do Programa EDP Solidária - Inclusão Social, e passámos bastante tempo em reflexão e investigação para criar um projeto original", recordou a diretora do museu.

Marina Bairrão Ruivo revelou que a entidade vai também avançar em breve com uma outra área do projeto, através da cedência das réplicas e material de apoio a instituições que as queiram expor em qualquer ponto do país.

"É a primeira vez que o museu faz um projeto neste género, mas já temos bastante procura", disse, acrescentando que irão fazer uma calendarização para a itinerância.

A diretora comentou que este projeto "tem um custo, envolve muitas pessoas, mas é muito gratificante".

O Museu Arpad Szenes - Vieira da Silva foi inaugurado a 03 de novembro de 1994 com o contributo da Câmara Municipal de Lisboa, que cedeu o edifício, da Fundação Calouste Gulbenkian, que custeou as obras de remodelação, enquanto a Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento apoiou na área da investigação.

O seu principal objetivo é fazer a divulgação e o estudo da obra de Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992) e do marido, Arpad Szenes (1897-1985), dois importantes artistas na história da cultura portuguesa, com representação nos principais centros de arte da Europa.

A coleção do museu cobre um vasto período da produção de pintura e desenho dos dois artistas: de 1911 a 1985, para Arpad Szenes, e de 1926 a 1986, para Maria Helena Vieira da Silva.

A fundação possui um acervo de obras que ronda as três mil peças, sobretudo criações em papel, guache e óleos.

Existe ainda um núcleo de gravura de Vieira da Silva que também inclui obras de 1990 e 1991, um ano antes da morte da artista.