Na cerimónia de entrega do prémio, a artista pop agradeceu o apoio dos fãs e desabafou sobre o sexismo e bullying que sofreu ao longo da carreira. "Estou aqui à vossa frente para vos servir de tapete... Oh, quero dizer, enquanto artista feminina (...) Obrigada por reconhecerem a minha capacidade de continuar a minha carreira por 34 anos durante os quais tive de lidar com sexismo e misoginia e bullying constante e abusos sem piedade", disse Madonna.
"A coisa mais controversa que alguma vez fiz foi continuar aqui", frisou, acrescentando que "o Michael já foi. O Tupac já foi. O Prince já foi. A Whitney já foi. A Amy Winehouse já foi. O David Bowie já foi. Mas eu continuo aqui. Sou uma das sortudas e agradeço por isso todos os dias".
"O que gostava de dizer a todas as mulheres que estão aqui hoje é: as mulheres têm sido oprimidas por tanto tempo que acreditam no que os homens dizem sobre elas. Elas acreditam que precisam de apoiar um homem. E há alguns homens bons e dignos de serem apoiados, mas não por serem homens, mas porque valem a pena. Como mulheres, nós temos de começar a apreciar o nosso próprio mérito. Procurem mulheres fortes para que sejam amigas, para que sejam aliadas, para aprender com elas, para as inspirarem, apoiarem e instruírem", sublinhou ainda Madonna.
No final do discurso, a cantora voltou agradecer. "Estou aqui mais porque quero agradecer do que para receber este prémio. Agradecer não apenas a todas as mulheres que me amaram e me apoiaram ao longo do caminho; vocês não fazem ideia de quanto o vosso apoio significa. Mas para aqueles que duvidam e para todos os que me disseram que não podia, que não iria e que não deveria, a vossa resistência tornou-me mais forte, fez-me insistir ainda mais, fez-me a lutadora que sou hoje. Fez-me a mulher que sou hoje. Por isso, obrigada", concluiu.
Uma carreira com mais de 30 anos
O primeiro disco de Madonna foi editado a 27 de julho de 1983 e incluiu sucessos como "Lucky Star", "Holiday" ou "Borderline", que talvez nem tenham sido tão comentados como o comportamento da cantora. Madonna converteu-se rapidamente num ídolo para milhões de adolescentes, não só, a um primeiro nível, pelas atitudes provocatórias - como aparecer nos prémios MTV de 1984 com um vestido de noiva e um cinto onde se lia 'Boy Toy' -, mas também, a um nível mais profundo, pela crítica ao puritanismo norte-americano dos anos 1980.
Além da música, alguns dos pontos altos da cantora passaram também pelo cinema, nomeadamente quando ganhou um Globo de Ouro pela sua interpretação de Eva Perón no filme "Evita", a par de outros igualmente comentados, como as sessões fotográficas para as revistas Playboy ou Penthouse.
Ser censurada em estações de televisão, indignar o Vaticano e ser acusada de blasfémia, provocar reações inflamadas dos setores mais conservadores da sociedade e conquistar os primeiros lugares dos tops de vendas a cada novo disco passaram a ser coisas normais para a cantora que se mantém no topo da música pop há mais de três décadas.
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