“Nós não estávamos sequer a pensar em qualquer tipo de efeméride, mas a nossa história já nos ultrapassa. E é bom sinal. Havia outras pessoas que gostariam - e com razão - que fizéssemos um esforço e tirássemos um tempo da nossa vida e da nossa agenda para celebrarmos condignamente e tudo isto começou também pelo contacto da nossa editora antiga, a Century Media, que nos relembrou que íamos comemorar 20 anos sobre o ‘Irreligious’”, explicou à Lusa o vocalista da banda Fernando Ribeiro, sobre os concertos de dia 02 de dezembro em Guimarães e de 04 de fevereiro em Lisboa.

Os Moonspell, que estão a preparar um disco todo em português com lançamento previsto para o próximo ano, recordam que “Irreligious” é “um álbum que ainda se ouve muito bem, que teve uma nova vida agora com estes 20 anos e estes concertos são um bocado a consagração desse momento para os Moonspell, para quem ouviu naquele tempo, para quem não viveu aqueles tempos”.

“De muitas maneiras tenho saudades daquela época. Musicalmente foi uma época bastante interessante, em todos os estilos e para a música portuguesa também. Acho que hoje as coisas são diferentes. Na minha opinião, não são tão virtuosas como costumavam ser, hoje em dia há muita pressa, muita opinião e isso estraga um bocado o ambiente”, afirmou Fernando Ribeiro.

Sobre a questão da presença da música portuguesa fora do país, o vocalista dos Moonspell sublinhou que “a internacionalização sempre foi um debate bastante falso em Portugal”, chamando a atenção para experiências como as de Amália Rodrigues no caso do fado ou dos Madredeus (“sem dúvida a banda mais internacional de sempre em Portugal”) ou até outros fenómenos como Buraka Som Sistema.

Questionado sobre que conselhos daria a uma banda que vá ao Eurosonic do próximo ano, onde Portugal vai ser o país em foco, Fernando Ribeiro recomenda que se mantenham realistas: “Nada mais que aproveitarem a experiência e encararem aquilo com uma real gestão das expectativas. Nunca ninguém saiu, acho eu, do Eurosonic com meia dúzia de contratos na mão e uma 'tournée' assegurada”.

“Infelizmente, o rock ou o heavy metal não estará representado, é assim. (...) Acho que de vez em quando a preocupação com a internacionalização se resume a picar o ponto nestes eventos e nestes festivais, enquanto a realidade é um bocado diferente disso”, afirmou o vocalista.

O concerto de Guimarães vai ter lugar no pavilhão multiusos da cidade, enquanto em Lisboa a atuação vai ocorrer no Campo Pequeno, havendo pelo meio uma digressão europeia durante a qual vão dar um concerto inserido nos 20 anos de “Irreligious” na Holanda.