Um avião que transportava a cantora brasileira Marília Mendonça e mais quatro pessoas caiu esta sexta-feira, dia 5 de novembro, no interior do estado de Minas Gerais. A cantora acabou por não resistir.

"Com um imenso pesar, confirmamos a morte da cantora Marília Mendonça, do seu produtor Henrique Ribeiro, do seu tio e assessor Abicieli Silveira Dias Filho, do piloto e co-pilto do avião, os quais iremos preservar os nomes neste momento. O avião descolou de Goiânia com destino a Caratinga/MG, onde Marília teria uma apresentação esta noite. De momento, são estas as informações que temos", confirmou a equipa da cantora em nota citada pelo site G1.

De acordo com a imprensa brasileira, os bombeiros também confirmaram a morte da artista. "O Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais informa que esta sexta (5), ocorreu a queda de uma aeronave de pequeno porte, modelo Beech Aircraft, na zona rural de Piedade de Caratinga. O CBMMG confirma que a aeronave transportava a cantora Marília Mendonça e que ela está entre as vítimas mortais", pode ler-se no comunicado.

A cantora deslocava-se para um espetáculo em Minas Gerais e, momentos antes da queda, partilhou um vídeo a entrar na aeronave.

A artista iria atuar no final do mês na Altice Arena, em Lisboa, e na Super Bock Arena - Pavilhão Rosa Mota, no Porto.

"A Adele brasileira"

Marília Mendonça era uma das novas grandes estrelas da música brasileira. Ao contrário das canções de Ivete Sangalo, Anitta e companhia, os temas da cantora não são festivos: o sofrimento está presente em todas as letras e há quem lhe chame a "Adele brasileira". A artista, conhecida como a "cantora do sofrimento (ou da sofrência)" estreou-se em Lisboa, na Altice Arena, em 2019.

Aos 26 anos, Maria Dias Mendonça esgotava concertos, vendia milhares de discos e batia recordes nos serviços de streaming. Segundo o El País, a artista tornou-se numa das cantoras mais ouvidas no Youtube Brasil, conseguindo superar Ariana Grande, Shakira, Taylor Swift e Adele - por exemplo, o vídeo do single "Infiel" (2015) soma mais de 300 000 000 visualizações. Já no Spotify, mais de dois milhões de pessoas ouvem os temas da cantora por mês.

Mas a carreira de Marília Mendonça começou nos bastidores. Aos 15 anos, a artista começou a trabalhar na agência WorkShow e a escrever temas para outros cantores brasileiros. "No escritório, esperaram que chegasse a hora certa para me lançar", contou ao portal UOL. Anos depois, em 2015, Marília atuou pela primeira vez para uma pequena multidão: o concerto correu bem e desde então nunca mais parou - são mais de 15 concertos por mês em eventos que recebem mais de 10 mil pessoas.

O concerto na Altice Arena

Em 2019, Marília Mendonça subiu ao palco da Altice Arena, em Lisboa. Durante duas horas, a artista desfilou pelos temas mais marcantes da sua carreira - a julgar pelos números, são todos. Todas as canções que apresentouforam cantadas a uma só voz pelos fãs - ao primeiro acorde ou à primeira palavra, a multidão gritava e cantava os versos sem dúvidas.

Recorde a passagem da cantora pela Altice Arena:

"Infiel", o primeiro grande sucesso da brasileira, "Eu Sei de Cor", "Bebi Liguei", "Bye Bye", "Passa Mal", "Casa da Mãe Joana", "Bem Pior Que Eu" e "Ciumeira" foram alguns dos temas que não ficaram de fora do alinhamento de Marília Mendonça.

Entre as canções, a artista brincou com os sentimentos e quis saber quem estava "a sofrer por amor". "Estou muito feliz por trazer esta 'sofrência' aqui", disse a cantora, que arrancou lágrimas e sorrisos aos fãs.

Em Lisboa, Marília Mendonça provou ser uma artista preparada para as multidões e focada em oferecer o melhor aos seus fãs - a cantora assinou todos os cartazes e bandeiras que iam sendo atirados ao palco e chegou a interromper o concerto para que uma fã fosse assistida pela equipa médica.

A ligação que o público tem com os temas das letras das canções foi o grande trunfo e o grande segredo do sucesso de Marília Mendonça. Toda a gente sofre ou já sofreu por amor e a cantora assumia (sem filtros) que passou momentos difíceis - confessou que foi traída, que bebia para esquecer e que chorava quando o amor não era correspondido.

O público era fã (e é) desta verdade e deixa em loop os temas da cantora, que se tornou num verdadeiro fenómeno.