A mostra, que terá desde obras sobre papel, desenhos a esquissos, ficará patente nas Galerias Diogo de Macedo, espaço que integra a Casa-Museu Teixeira Lopes, até 03 de maio.

“É uma exposição muito abrangente. Temos obras desde o início da produção da Vieira da Silva até às últimas coisas que ela fez. Conseguimos ter um conjunto de obras muito diferente ao longo dos tempos, mostrando o princípio, o meio e o fim, o exílio, o Brasil, entre outros momentos”, descreveu, à agência Lusa, a curadora da exposição, Marina Bairrão Ruivo.

A mostra “Vieira da Silva. Um olhar singular” foi “toda pensada em função do espaço” onde estará patente em Gaia, no distrito do Porto, contou a responsável, acrescentado que uma das características da exposição é “a forma como apresenta o fio condutor” do percurso artístico de Maria Helena Vieira da Silva, artista que nasceu em Lisboa, em 1908, e se mudou para Paris quando tinha 19 anos, cidade onde morreu em 1992.

“Há sempre uma interligação. Entre as obras do princípio e do fim é possível perceber o fio condutor. Tudo isto é acompanhado por uma fotobiografia porque é muito importante perceber quem era a pessoa por trás da pintura. E, para além do privilégio que é ver estas obras de arte e perceber quem foi esta pintora, a exposição é acompanhada de um filme sobre a vida da pintora”, descreveu Marina Bairrão Ruivo.

A curadora apontou que o documentário “ajuda a interpretar a procura do espaço singular que Vieira da Silva criou e que está subjacente à sua obra toda”, mostrando, ao mesmo tempo, “as fases temáticas que serviram a sua pesquisa pictórica”, enumerando temas como as cidades, as bibliotecas e os jogos.

“Ela passou por inúmeras fases de aprendizagem e de pesquisas pictóricas, tudo centrado à volta do espaço, mas conseguimos perceber a maneira singular como ela pintou. A Maria Helena Vieira da Silva tem um lugar na história da pintura contemporânea portuguesa e internacional”, frisou Marina Bairrão Ruivo.

Já o texto que acompanha o convite para a exposição descreve que as 64 obras que a compõem foram selecionadas pela Fundação Arpad Szènes-Vieira da Silva e que o objetivo é demonstrar ao visitante a importância da artista no contexto da criação contemporânea do século XX.

A Fundação Arpad Szènes-Vieira da Silva é uma instituição sediada em Lisboa que tem por vocação a divulgação e o estudo da obra de Maria Helena Vieira da Silva, bem como de Arpad Szenes, artista plástico húngaro naturalizado francês com quem a pintora portuguesa se casou em 1930.

Marina Bairrão Ruivo contou à Lusa que a fotobiografia que consta da exposição “Vieira da Silva. Um olhar singular” conta com fotografias da vida da artista, sendo “incontornável” a presença do marido que foi, acrescentou a também diretora da fundação, “seu mentor, um homem mais velho, um pintor magnífico a quem Maria Helena pediu muitos conselhos”.

“Ele percebeu o alcance da obra dela e remeteu-se, de alguma forma, para segundo plano, mas sem nenhum rancor. É importante perceber como é que ele entra na vida dela e como é que estas pinturas se cruzam intelectualmente com a vida pessoal dela. Aliás, quando ele morre, há ali uma procura da luz, um período muito existencial, quase que a preparar a sua própria morte para ir ter com ele”, relatou a curadora.

Já a Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia avança, em nota publicada na secção dedicada a eventos da sua página oficial na Internet, que durante o período da exposição decorrerão visitas guiadas por estudantes de doutoramento da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto.

“A exposição inclui esboços, estudos anatómicos e pinturas que Vieira da Silva produziu entre 1926 e 1986, procurando destacar o ‘olhar’ singular da pintora, revelando os múltiplos caminhos da sua pesquisa, em busca do enigma do espaço”, descreve a autarquia.

A mostra estará disponível de segunda-feira a domingo das 09h00 às 12h30 e das 14h00 às 17h30 com entrada gratuita.