O cantor que ganhou notoriedade internacional ao misturar música tradicional síria e ‘electro’, foi detido na quarta-feira pela polícia turca por ser suspeito de apoiar uma organização terrorista curda, foi libertado pelas autoridades às 22h30 locais (19h30 em Lisboa), presenciou um fotógrafo da agência de notícias AFP.

Omar Souleyman, que vive há vários anos na Turquia, foi detido na cidade de Sanliurfa, a 50 quilómetros da fronteira com a Síria.

A estrela do ‘electro-folk’ sírio é acusada de “ser membro da organização terrorista PKK/YPG”, de acordo com o jornal pró-governo Yeni Safak e a agência de notícias DHA.

Não ficou imediatamente claro se foi feita alguma acusação contra o cantor.

Ancara considera as Unidades de Proteção do Povo (YPG), principal milícia curda na Síria, uma fação do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), classificado como “terrorista” pela Turquia, União Europeia (UE) e Estados Unidos da América (EUA).

Em 2017, a agência Lusa entrevistou o músico quando apresentou o oitavo álbum da carreira em Portugal.

Omar Souleyman atou no palco Zé da Micha do fórum internacional "Gaia todo um Mundo", onde apresentou o álbum "To Syria, With Love", que considerou ser uma viagem aos sons eletrónicos árabes, numa mistura entre música 'techno' e a famosa 'dabke', classificado pelo próprio como "um presente" do seu coração para os sírios, embora não haja sentimentos de "nostalgia ou desamparo".

Nascido no nordeste da Síria, onde a diversificação se faz sentir devido à presença de comunidades sunitas, curdas, árabes e turcas, Omar Souleyman contou, na altura, que não acreditava que esse fator pudesse contribuir para a sua música, mas apenas a sua "realidade".

"Foi onde vivi, trabalhei e me tornei um músico. Tive a oportunidade de cantar em casamentos de todas as fações e isso deu-me oportunidade de me adaptar ao estilo de toda a gente. Mas tenho o meu próprio estilo dentro da música, que é apenas tradicional", apontou.

Foi nos anos de 1990, sobretudo em casamentos, que o músico começou a sua carreira. Começou por gravar cassetes com as suas atuações ao vivo, que oferecia aos casais, e, posteriormente, colocava à venda em quiosques locais.

Depois de ter sido descoberto por um músico californiano, que mais tarde conseguiu distribuir as compilações através de uma editora independente norte-americana, a notoriedade internacional de Souleyman ultrapassou a que tinha no seu próprio país, o que lhe abriu as portas dos maiores palcos internacionais.

Somando várias atuações em Portugal, Omar Souleyman esteve pela última vez em território nacional em 2019, quando atuou no festival Vai-m'à Banda de Guimarães.