
No final da década de 1970, Ishiguro graduou-se em Inglês e Filosofia na Universidade de Kent, e estudou em seguida Escrita Criativa na Universidade de East Anglia, em Inglaterra.
Kazuo Ishiguro tornou-se desde então escritor a tempo inteiro. Começou por publicar contos na revista literária Granta, e o seu primeiro romance data de 1982, “A Pale View of Hills”, publicado em 1990 em Portugal, pela Relógio d’Água ("As Colinas de Nagasaki"), ao qual se seguiu “An Artist of the Floating World” (1986), situado em Nagasaki, poucos anos após a II Grande Guerra (1939-1945)
Segundo a Academia Sueca, os temas que Kazuo Ishiguro aborda - a memória, o tempo, a desilusão de si próprio - evidenciam-se já neste romance, editado em Portugal pela Livro Aberto, também em 1990, com o título “Um Artista no Mundo Transitório”.
A preocupação com a memória e o esquecimento é particularmente notória no seu mais conhecido romance, “The Remains of the Day” (1989), editado em 1991 em Portugal pela Gradiva, com o título “Os Despojos do Dia".
A obra foi adaptada ao cinema, em 1993, pelo realizador James Ivory, com argumento do próprio escritor e de Ruth Prawyer Jhabvala, com Anthony Hopkins e Emma Thompson, por protagonistas.
Segundo a instituição sueca, a escrita de Ishiguro é marcada por uma cuidadosa contenção, independentemente do local da narrativa.

Com o trabalho distópico “Never Let Me Go” (“Nunca me deixes”, publicado em 2005, pela Gradiva), Ishiguro introduziu subjacentemente a ficção científica no seu trabalho. Neste romance, como em vários outros, também encontramos influências musicais, refere a Academia.
“Um exemplo impressionante" para a Academia de Estocolmo é a coleção de contos “Nocturnes: Five Stories of Music and Nightfall” (2009), editada nesse mesmo ano pela Gradiva (“Noturno: Cinco Histórias sobre Música e o Cair da Noite”), “em que a música desempenha um papel fundamental na representação da relacionamentos das personagens”, afirma a Academia Sueca.
No seu mais recente romance, “O Gigante Enterrado” (2015), um casal idoso viaja por uma paisagem inglesa arcaica, esperando reunir-se com o seu filho adulto, que não veem há anos.
“Este romance explora, de forma emocionante, como a memória se relaciona com o esquecimento, da história para o presente e da fantasia para a realidade”, afirma a instituição.
Ishiguro recebeu o prémio Winifred Holtby Memorial por "As Colinas de Nagasaki", em 1982, numa altura em que a revista Granta, na primavera de 1983, o incluía na edição dedicada aos "Melhores Novos Escritores Britânicos", a par de Martin Amis, Julian Barnes, William Boyd, Ian McEwan, Salman Rushdie e Graham Swift, entre outros.
"Um Artista no Mundo Transitório" valeu-lhe o Whitbread Prize em 1986, a que se seguiu a consagração do Booker Prize, em 1989, com "Os Despojos do Dia".
Foi condecorado pela coroa britânica em 1995, três anos antes de ser distinguido com a Ordem das Artes e das Letras de França.
Em 2005, a Time incluiu "Nunca me Deixes" entre as cem melhores obras de língua inglesa, publicadas desde a origem da revista, em 1923. E o jornal The Times colocou o autor entre os 50 melhores escritores britânicos do pós-Guerra (1945), em 2008.
Ishiguro, além dos seus oito livros, também escreveu argumentos para filmes e televisão.
Os filmes "A Profile of Arthur J. Mason" (1984) e "The Gourmet" (1986), de Michael Whyte (sobre um conto publicado na Granta), "The Saddest Music in the World" (2003), de Guy Maddin (sobre peça homónima do escritor), "The White Countess"/"A Condessa Russa" (2005), de James Ivory, e "Never Let Me Go"/"Nunca me deixes" (2010), de Mark Romanek, contam com argumentos ou são adaptações cinematográficas da obra de Ishiguro, além de "Os Despojos do Dia".
Os álbuns "Breakfast on the Morning Tram" (2007) e "The Changing Lights" (2013), da cantora norte-americana Stacey Kent, contam com letras de canções escritas por Kazuo Ishiguro, que este ano sucedeu a Bob Dylan, nos laureados com o Nobel da Literatura.
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