O título do segundo álbum a solo de Branko – o primeiro, “Atlas” data de 2015 - só podia ser “Nosso”, porque “é um disco coletivo”. “Eu não sinto que o tenha feito sozinho”, afirmou em declarações à Lusa, justificando que este trabalho “tem participação dos colaboradores e das pessoas que fazem parte dele, como tem a participação da cidade”.
A colaboração tanto pode ser direta, caso dos cantores convidados, como Mallu Magalhães, Dino D’Santiago ou Umi Cooper, como indireta, no caso dos que o ouvem numa qualquer pista de dança enquanto DJ.
“Experimento muito as músicas na pista de dança, quando estou a tocar. [E no disco] tanto cabem as ideias das pessoas que estão a colaborar comigo como cabem as reações de pessoas na pista de dança quando eu estou a tocar os temas ou quando estou a experimentar”, contou.
Para o músico e produtor, um dos rostos dos Buraka Som Sistema, “Nosso” representa uma expressão que usa muitas vezes: “o nosso som”. “O som que temos andado a trabalhar em Lisboa, desde o início dos Buraka Som Sistema”, referiu.
Toda a abordagem inicial de produção do álbum “é uma abordagem que tem como base ritmos, elementos e géneros musicais que se ouvem em Lisboa, desta ideia de Lusofonia”.
“Mas depois, a partir daí, vai ao mundo todo e experimento uma série de coisas com muitas pessoas diferentes, tentando criar em cima desses padrões e desses ritmos. E no fundo acabo o disco em Lisboa novamente, com uma produção para que consiga soar tudo coeso e homogéneo”, disse.
A criação do álbum foi um processo “que foi acontecendo”, desde 2015, ano de edição de “Atlas”.
A experimentação pode passar por tentar perceber o que acontece, se “meter um cantor soul em cima de baile funk”, para tentar perceber “onde é que isso pode levar em termos musicais”.
“Será que isso faz sentido? Será que não faz?... Ir explorar esses caminhos. São uma série de ideias que tenho previamente e que tento concretizar depois em temas, em colaborações”, referiu.
O primeiro concerto de apresentação de “Nosso” aconteceu na quinta-feira à noite no B.Leza, em Lisboa. O próximo está marcado para sábado no Maus Hábitos, no Porto.
Depois disso, Branko atua pela Europa, em Barcelona, Londres, Dublin, Berlim e Estocolmo. Para abril tem datas marcadas na Índia e “uma pequena digressão por teatros em Portugal, em Aveiro, Braga e Castelo Branco”.
“É uma coisa que já andávamos atrás de tentar conseguir há algum tempo. Interessa-nos esta ideia de a música eletrónica também caber num concerto de teatro, não ser necessariamente uma coisa que tem de ocupar um espaço exclusivo entre as duas e as seis da manhã numa discoteca num sítio qualquer”, partilhou.
Branko, ou João Barbosa, é músico e produtor, DJ, editor, tendo o nome ligado à mais recente cena de música eletrónica e de dança em Lisboa, com pontos de ligação com a música lusófona e numa escala global.
Duas das pontes desse trabalho foram a criação dos Buraka Som Sistema e da editora Enchufada, à qual estão associados nomes como Rastronaut, Riot, Dengue Dengue Dengue, Dotorado Pro e PEDRO.
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