A curadora da exposição, Catarina Alfaro, coordenadora da Casa das Histórias Paula Rego, disse à agência Lusa que as 21 novas gravuras datam de 1992 e substituem as imagens inspiradas no romance “Jane Eyre”, de Charlotte Brontë, que provêm de 2002.

Catarina Alfaro afirmou que, nas obras que vão ser expostas, “a pintora usou a técnica da água-forte, água-tinta e às vezes a cor, enquanto na série ‘Jane Eyre’, experimentou a litografia e também alguma cor”.

“São obras diferentes que se baseiam em obras literárias diferentes”, disse a curadora, que citou algumas das obras, nomeadamente, “The Neverland”, “Learning to Fly”, “Wendy’s Song” e “Peter in the Bird’s Nest”.

Dinamizar a exposição aproveitando a “vasta obra da Paula Rego”, foi a justificação dada por Catarina Alfaro para a apresentação de novas obras de arte, que se ligam à temática exposta e “multiplicam este efeito do mistério da obra de paula Rego”.

“A própria génese da obra da Paula Rego é muito aberta, muito livre, sem fronteiras; ela aborda os seus temas a partir de uma análise pessoal e necessariamente as obras delas comunicam muito com o presente. Ela faz um conjunto de obras muito interventivas, nomeadamente aquela série de obras na altura que houve um grande abstenção, sobre a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, em 1998”, afirmou.

“O seu trabalho, à partida, está próximo de todos”, disse, mas reconheceu que, a expor num centro comercial, “é mais democrático, mais visitado” que um museu, o espaço ideal para ver a obra da pintora.

A curadora reforçou que, todavia, “não há aqui uma grande contradição em termos da obra, pois esta é diluidora dessas hierarquias”, e “faz sentido mostrar a sua obra noutro contexto”.

Catarina Alfaro realçou ainda o facto de algumas obras que estão expostas no centro comercial não serem vistas há muito tempo, e citou a pintura “A Fada Azul conta um segredo ao Pinóquio”, que foi “emprestada generosamente por colecionador particular”, para figurar nesta mostra.

A exposição “O Mundo Fantástico de Paula Rego” encontra-se patente ao público no Centro Colombo e, desde a inauguração no passado dia 27 de junho, já recebeu mais de 120.000 visitas.

A mostra "cruza histórias pessoais e universais", explicou à agência Lusa, na inauguração, a curadora Catarina Alfaro.

"A obra da Paula Rego é muito coerente na forma como se tem organizado, e permite, através da literatura e das suas próprias experiências, fazer o cruzamento das histórias pessoais e universais", declarou na ocasião.

A exposição, com as novas peças, fica patente até 27 de setembro.

Em abril último, estreou-se em Portugal um documentário sobre a vida e obra da artista plástica, intitulado “Paula Rego, Histórias & Segredos”, realizado pelo cineasta Nick Willing, filho da pintora.

Também foi inaugurada uma nova exposição, com o mesmo título, na Casa das Histórias Paula Rego, em Cascais, nos arredores de Lisboa, que inclui a recriação do ateliê da pintora, a série de pinturas sobre depressão e uma seleção das obras mais importantes da artista.

Essa mostra conta com cerca de 80 obras e ocupa as sete salas do museu, apresentando algumas pela primeira vez em Portugal, como a série "Depressão", revelada em março, em Londres.

“O Mundo Fantástico de Paula Rego” insere-se no projeto “A Arte chegou ao Colombo”, que teve a sua primeira edição em 2011 e contou, no primeiro ano de arranque, com a parceria do Museu Coleção Berardo, na exposição dos trabalhos de quatro artistas nacionais – Joana Vasconcelos, Miguel Palma, Susana Anágua e Isaque Pinheiro.

Seguiram-se depois o Museu Nacional de Arte Antiga (2012), com a exposição “Andy Warhol – Icons” (2013), a instalação interativa “The Pool”, da artista norte-americana Jen Lewin (2014), e a “A Divina Comédia, de Salvador Dalí” (2015).

No ano passado, a praça central do Colombo recebeu a exposição de fotografia de Terry O’Neill, “Faces of the Stars”.