Apresentado pelo escritor e jornalista Paulo Moura e com leitura de alguns fragmentos pelo contador de histórias Jorge Serafim, “O Gesto Que Fazemos para Proteger a Cabeça” é o terceiro romance da escritora e jornalista Ana Margarida de Carvalho, filha do também escritor Mário de Carvalho.

A história deste romance gira em torno de duas sociedades fechadas na raia alentejana, que vivem à margem da lei, em tempos próximos da guerra civil espanhola, “quando a guarda é mais temida do que qualquer gatuno e os cães mais cruéis do que os lobos”, descreve a editora.

Ambas as sociedades criam as suas próprias regras, agridem-se e oprimem-se, mas nunca se percebe de onde e de quem vem a maior violência, até que chega alguém com contas por ajustar.

O último livro publicado por Ana Margarida de Carvalho, também editado pela Relógio d’Água, em 2017, foi o conjunto de contos “Pequenos Delírios Domésticos”, que abrangiam diversos temas atuais, dos incêndios que devastaram o país, aos dramas íntimos de portugueses convertidos ao estado islâmico, de refugiados sírios num lar de velhos ou de uma mulher tunisina que dá à luz num barco apinhado de gente, durante a travessia do Mediterrâneo.

Este livro valeu à autora o Grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco, tendo sido também finalista do prémio PEN.

Os seus dois anteriores romances – “Que Importa a Fúria do Mar” (2013) e “Não se Pode Morar nos Olhos de Um Gato” (2016)- foram distinguidos com o Grande Prémio de Romance e Novela APE/DGLAB, o que faz de Ana Margarida de Carvalho a única escritora a ter recebido sucessivamente aquele galardão literário.

“Que Importa a Fúria do Mar”, romance de estreia da escritora, editado pela Teorema, que coloca frente a frente duas gerações de um Portugal onde, às vezes, parece que pouco mudou, foi ainda finalista do Prémio Leya, do Prémio Fernando Namora e do Prémio PEN.

Quanto a “Não se Pode Morar nos Olhos de Um Gato”, editado igualmente pela Teorema, venceu ainda o Prémio Manuel de Boaventura 2017 e foi finalista do Prémio Oceanos, do Prémio Fernando Namora, e esteve nomeado para melhor livro do ano 2017 pela Sociedade Portuguesa de Autores.

Trata-se de uma romance ambientado em finais do século XIX, que relata a história de um grupo de náufragos que atinge uma ilha e que mais do que a dificuldade de ultrapassarem as condições em que se encontram, impõe-se a superação dos preconceitos que os separam.

Nascida em Lisboa, no ano de 1969, Ana Margarida de Carvalho licenciou-se em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, mas foi no jornalismo que exerceu profissão, tendo neste âmbito sido distinguida também com vários prémios.