Todos os que se deslocaram na passada quarta-feira ao Musicbox, em Lisboa, tiveram direito a uma celebração da música popular brasileira feita por Wado. O cantor, que já trabalhou com vários artistas conhecidos como Marcelo Camelo e Zeca Baleiro, entre outros, apresentou ao público português o seu novo álbum, 1977.

Wado
Wado

Embora com pouco público presente, Wado foi calorosamente acolhido quando já passava um pouco das 22h30, num concerto que contou com várias partes e percorreu as várias influências e estilos de toda a sua carreira.

Quinta foi considerado o dia mais quente do ano, mas foi com ambiente morno que se iniciou o concerto, com as leves Rosa, Primavera e Cidade Grande, faixas do álbum lançado em 2013, Vazio Tropical.

Se o estilo de Wado é considerado pop, também temos de salientar a versatilidade, visto que busca sons à afamada bossa nova (com o exemplo da vagarosa Flores do Bem). Mas não é só de influências da Terra de Vera Cruz que se resume a sua atuação. Com a Ponta dos Dedos foi o "pontapé de saída" para a influência eletrónica que estava para vir.

A única abordagem que ocorreu ao novo álbum, 1977, fez-se só com quatro (mas senhoras quatro) músicas. Lar, que, por momentos iniciais, fez lembrar as produções fictícias brasileiras, mas esquecida com a intensas riffadas do guitarrista. O Cadafalso e Galo foram as faixas que balizaram aquele que foi um dos momentos da noite.

Samuel Úria, que dispensa apresentações e tinha colaborado neste álbum, subiu ao palco do Musicbox para fazer o dueto de Deita, o ponto alto do concerto, que pôs todos os presentes a dançar e a sair do espaço no Cais do Sodré a trautear a melodia da música (já eram mais uns poucos do que a pequenas dezenas que estavam no início).

Posto isto, foi um percorrer por todo o almanaque que Wado tem de uma carreira construída já há vários anos, e com vários álbuns. Com particular incidência para O Ano da Serpente, lançado também recentemente (casos do Pavão Macaco ou Fortalece Aí). Tarja Preta - será que uma música de 2003 já se pode chamar de clássico? - do álbum Cinema Auditivo, Surdas e também Reforma foram músicas com um referências setenta-ish que alegraram a noite.

Para o fim estavam guardados sons mais cariocas. Interventivos e algo arrojados nas letras, o estilo eletrónico até dizer basta e com direito a distorção na voz, Rap Guerra do Iraque (também conhecido por 11 de Setembro) e Teta fizeram cair o pano.

Com direito a encore, devido a elevada insistência das famílias ali presentes, Samuel Úria lá voltou para o palco para repetir o Deita. Foi uma festa animada, a apelar ao pensamento que o verão está próximo.