A nova produção da Companhia João Garcia Miguel junta poesia, teatro e música, criada exclusivamente para a obra, a cargo do grupo de acordeonistas portugueses Danças Ocultas, segundo um comunicado da companhia.

Baseado no poema de Álvaro de Campos, um dos heterónimos do escritor português Fernando Pessoa, este espetáculo apresenta aos espectadores “uma multiplicidade de perspetivas sobre a sociedade, aspeto característico da escrita de Fernando Pessoa”.

Ao regressar à infância do poeta do século XX, a obra debate temas como a solidão, a confusão da cidade e a fantasia, contando ainda com várias narrativas, que do início ao fim fazem uso da ironia.

Neste espetáculo, a interpretação completa-se com o som e luz cénica, “que aqui se revelam centrais para a experiência do espectador”.

“Há textos da literatura portuguesa que são incontornáveis e que, pela sua força e história, nunca desaparecem do nosso imaginário. O poema ‘Ode Marítima’ é um deles, e, por isso, quisemos trazê-lo a palco com uma roupagem diferente, mais adaptada aos dias de hoje, e longe de uma leitura direta e naturalista do texto original”, explica João Garcia Miguel.

A peça vai estar em cena no dia 26 de setembro, às 21:30, no Teatro Aveirense, onde a Companhia João Garcia Miguel fez uma residência artística, durante a qual construiu o espetáculo.

A “Ode Marítima”, publicada por Fernando Pessoa no nº 2 da revista Orpheu, é assinada e atribuída ao seu heterónimo Álvaro de Campos, engenheiro naval, que celebrou através da poesia o triunfo da máquina e da civilização moderna.

Em muitos dos seus poemas modernistas, como é o caso da “Ode Marítima”, Álvaro de Campos apresenta a beleza dos “maquinismos em fúria” e da força da máquina por oposição à beleza tradicionalmente concebida.

Neste poema, exterior e interior são separados pela mesma distância que vai do poeta no cais deserto ao navio que ele vê ao longe, a distância entre a sensação e a coisa, e entre a sensação como realidade interior e o paquete como realidade exterior.

O espetáculo poderá vir a ser apresentado em outras cidades, sendo intenção do encenador fazer uma digressão, mas, devido ao agravamento da pandemia de covid-19, sem certezas nem datas fechadas, sendo a apresentação de dia 26 a única garantia para já, explica a companhia.

Esta não é a primeira vez que a “Ode Marítima” sobe ao palco em formato de espetáculo teatral com música. Já em 2014, Diogo Infante encenou e interpretou a obra de Álvaro de Campos, acompanhado por João Gil, na guitarra, e com direção cénica de Natália Luísa.

O espetáculo andou em digressão e foi visto por mais de 8.000 espectadores, tendo passado por Lisboa, Porto, Sever do Vouga, Vila Nova Famalicão, Faro, Almada e Ponta Delgada.

A Companhia João Garcia Miguel, fundada em 2002, é uma companhia de criação artística contemporânea que pesquisa o desenvolvimento artístico e criativo em artes performativas, exploradas no teatro, que tem como diretor artístico e encenador João Garcia Miguel.

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