A ópera comunitária “O Monstro do Labirinto”, do britânico Jonathan Dove, estreada em 2015 no Festival de Aix-en-Provence, marca a abertura oficial da temporada, a 27 de setembro, com 300 cantores em palco, vindos de diferentes pontos do país. Antes, porém, já a programação soma as atuações do Coro e a Orquestra Gulbenkian nos festivais Lisboa na Rua e Cantabile, assim como o concerto de Artur Pizarro, com a Orquestra XXI, que abre as portas do Grande Auditório, a 02 de setembro.

A lista de músicos anunciados vai de Menahem Pressler, fundador do histórico Trio Beaux Arts, com os seus 94 anos, aos mais novos solistas, como o russo Daniil Trifonov, com os seus 26, e inclui nomes como os dos maestros Ton Koopman, Jordi Savall, Gianandrea Noseda e Laurence Equilbey, cantores como Joyce DiDonato, Ana Quintans, Miah Persson, Thomas Hampson e Bryn Terfel, o violoncelista Antonio Meneses ou o violinista Renaud Capucon, além de Lawrence Foster, Michel Corboz e Joana Carneiro.

O piano ganha um festival dentro da própria temporada – Pianomania, de 12 a 26 de janeiro, constituindo uma das áreas temáticas da programação. E é também aquele que reúne maior número de intérpretes, com quase 30 solistas, que se apresentam a solo ou com orquestra, até junho do próximo ano.

Além de Menahem Pressler, que abre o festival, e de Trifonov, contam-se ainda Grigory Sokolov, Katia e Marielle Labèque, András Schiff, Martha Argerich, Nikolai Lugansky, Arcadi Volodos, Evgeny Kissin, Lang Lang, Radu Lupu, Benjamim Grosvenor, Yefim Bronfman e Steven Osborne, assim como Pedro Burmester e Mário Laginha, Elisabeth Leonskaja, Mitsuko Uchida, Beatrice Rana e Yuja Wang, a pianista chinesa que se destacou nos últimos anos e que a Gulbenkian acolheu pela primeira vez há cerca de uma década.

O primeiro ciclo temático “Entre o Céu e a Terra” realiza-se de 01 de 15 de outubro e, segundo a Gulbenkian, testemunha uma “procura espiritual que, muitas vezes, só a música consegue expressar”. A escolha congrega as Suites para violoncelo solo de Bach, por Antonio Meneses, a “Salve Regina”, de Eurico Carrapatoso, pelo Coro e a Orquestra Gulbenkian, e vai do repertório ibérico barroco, pela meio-soprano Magdalena Kozena, à perspetiva contemporânea de Karlheinz Stockhausen, com “Stimmung”.

A terceira e última área temática estende o “fio condutor” de “Guerra ou Paz”, de 11 a 22 de maio, mobilizando a Orquestra Gulbenkian, com obras de Chostakovitch (7.ª Sinfonia) e Richard Strauss (“Metamorfoses”), Jordi Savall e o Hèsperion XXI, no programa “O Milénio de Granada”, ou o Ludovice Ensemble, em obras de Lully e Charpentier.

Os meses de música da Gulbenkian contemplam ainda o Festival dos Quartetos de Cordas, no final de janeiro, com a participação dos quartetos David Oistrakh, Jack, Artemis, Arod, Elias e Chiaroscuro. O quarteto Casals interpretará a integral de Beethoven, em três momentos diferentes da temporada, entre 30 setembro e 25 de abril.

A formação nova-iorquina Jack Quartet protagoniza uma das estreias da temporada, o quarteto de Andreia Pinto-Correia, encomendado pela fundação, a que juntará outra encomenda mais antiga que regressa, “Tetras”, de Iannis Xenakis, datada de 1983.

No âmbito da parceria da Fundação Gulbenkian com a Orquestra Sinfónica do Estado de São Paulo, será também estreado “Off-balance”, concerto para percussão do português Luis Antunes Pena, e “Museu das coisas inúteis”, do brasileiro Celso Loureiro Chaves, que terá a primeira audição portuguesa, em fevereiro. Em junho, a parceria dá origem a nova estreia, o Concerto para piano de Vasco Mendonça, num programa que incluirá uma obra de Mason Bates, inspirada no “Manual de Zoologia Fantástica”, de Jorge Luis Borges.

A temporada Gulbenkian de Música contempla ainda as estreias nacionais de “Canção fúnebre n.º 5”, de Igor Stravinsky, em outubro, “Mar’eh”, para violino e orquestra, de Matthias Pintscher, com Renaud Capuçon, como solista, em novembro, e “Become Ocean”, de John Luther Adams, em fevereiro.

Em abril, o concerto ‘a capella’ “Alma”, pelo Coro Gulbenkian, vai combinar “obras renascentistas e contemporâneas tocadas pela eternidade”, do Requiem de Frei Manuel Cardoso, a “Mensagens - Ode Filosófica para Um Poeta da Humanidade”, inspirada em Fernando Pessoa, composta por Rui Paulo Teixeira, que é apresentada em primeira audição.

A orquestra de época Il pomo d’oro, com três concertos ao longo da temporada (com a violinista Alina Ibragimova e o contratenor Franco Fagioli, em novembro, e a meio-soprano Joyce DiDonato, em maio), a Royal Concertgebouw Orchestra, dirigida por Semyon Byhkov, para um concerto único com as irmãs Katia e Marielle Labèque, a Orquestra de Cadaqués e a Capella Andrea Barca, de András Schiff são formações convidadas que atuam em Lisboa.

A integral dos “Responsórios da Quaresma e da Semana Santa”, de Carlo Gesualdo, será apresentada pelo agrupamento Graindelavoix de Bjorn Schmelzer.

Em dezembro, Jorge Matta vai dirigir um programa dedicado aos “Musicais e Natais do Mundo”, com a soprano Sofia Escobar, e Michel Corboz conduzirá a “Oratória de Natal”, de Bach. O maestro francês regressará em março com a “Paixão segundo São Mateus”, do mestre de Leipzig, sempre com o Coro e a Orquestra Gulbenkian.

No cinema com música ao vivo, destacam-se “O Feiticeiro de Oz”, de Victor Fleming, em dezembro, e “O Regresso do Rei”, de Peter Jackson, o último filme da saga “O Senhor dos Anéis”, em janeiro. Imagens cedidas pela NASA serão projetadas durante a interpretação de “Os Planetas”, de Gustav Holst, em maio.

O programa completo, incluindo do festival Jazz em Agosto, anunciado em março, encontra-se disponível em http://gulbenkian.pt/