A estreia mundial da peça “Azzedine”, dia 6 de setembro, no Auditório Municipal António Silva (AMAS), em Agualva-Cacém, é um dos pontos altos da 10.ª edição do Muscarium, a decorrer em Sintra, de 2 a 22 de setembro.
Produzido pela estrutura Hipérion Projeto Teatral, a peça tem texto de Jaime Rocha, que assina a dramaturgia e encenação com Mário Trigo, num espetáculo para o qual a companhia estará em residência artística ao longo do Muscarium – Festival de Artes Performativas em Sintra, disse à agência Lusa Maria Carneiro, codiretora artística do teatromosca, companhia anfitriã do certame.
Em “Azzedine”, a Hipérion Projeto Teatral leva para o palco Jean Genet através da criança marroquina que dá nome à peça.
“O escritor tem a imperiosa necessidade de responder às dúvidas de Azzedine, dúvidas que assentam sobretudo na questão palestiniana, tema muito caro a Genet. Para Azzedine, a vinda de Genet, mais do que um tributo, é a última oportunidade de obter uma resposta, saber qual a solução para a felicidade, para a paz”, frisa a companhia, na apresentação da peça.
“Já não vivemos com bandeiras, mas com medos. Tomar Genet para motivo de uma peça é fatalmente convocar o que tememos. É confrontarmo-nos com a desesperança deste tempo em que o vazio ocidental se encontra com o fanatismo do oriente num combate que não tem um campo de batalha conhecido”, acrescenta o autor do texto.
Puxar Genet “para nós e para o palco, não pode ser apenas um projeto literário, ou estético, ou mesmo político. Deverá ser um ato de envolvimento e de risco”, sublinha o dramaturgo.
A programação do Muscarium#10 contempla ainda a apresentação de dois espetáculos de teatro para a infância, um para público jovem e adulto e iniciativas paralelas, como as “Jornadas de reflexão”.
“Urban requiem”, um espetáculo de dança de Ricardo Ambrozio, a 14 de setembro no AMAS, as peças “Uni-vero”, pelo Baal17, dia 15, no Centro Paroquial de Rio de Mouro e “Como desenhar uma filha nua”, pelas Visões Úteis, dia 20, na Casa da Cultura Lívio de Morais, em Agualva-Cacém, constam da programação.
“O rapto da rainha Vitória”, pelo Teatro Estúdio Fontenova, a 06 de setembro, e “Exercício de ser criança e outros aprendimentos”, pelo Teatrão, dia 8, ambas no AMAS, são também propostas do festival.
A codiretora do teatromosca destacou ainda as “Jornadas de reflexão”, a realizar em 9 de setembro, no edifício da biblioteca da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e ‘online’ via Zoom, subordinadas ao tema “Reflexões e visões para o futuro das artes performativas”.
A responsável da companhia anfitriã destacou ainda a presença do cantor Legendary Tigerman + Mito, num concerto, a realizar dia 13, na Adega Viúva Gomes, em Colares.
Este ano, o teatromosca não apresenta nenhuma criação própria, ao contrário do que fez noutras edições – como em 2023, em que apresentou “Respirar doze vezes” -, por dificuldades de gerir um festival e apresentar uma estreia, referiu ainda Maria Carneiro.
Os “meios exíguos e a impossibilidade financeira de contratar mais pessoas levaram-nos a optar por não estrear nenhuma produção este ano, porque organizar um certame já é uma tarefa árdua para uma estrutura como o teatromosca que tem poucos meios”, observou.
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