O clima favorecia a vinda para um pedaço de enriquecimento cultural e, embora fosse dia e hora da seleção de Portugal jogar, isso não deteve os fãs do grupo que entraram para o  recinto que, embora não estivesse esgotado, estava certamente bem composto. Com um segundo concerto marcado para o dia seguinte no Porto, esta diminuição de público já seria de esperar.

Assim sendo, passemos ao que interessa! A música, essa não faltou, nem qualidade. Os Us The Duo preencheram a vaga da primeira parte para este concerto, e brindaram os presentes com boa música e, especialmente, com uma sintonia fantástica, não estivéssemos nós a falar de uma dupla de marido e mulher.

Ainda assim, aqueles que todos esperavam eram, sem margem para dúvida, os Pentatonix. E desde cedo que o público deu a entender que este seria mais um concerto memorável através das reações que podíamos observar. Bater palmas, gritar, assobiar ou mesmo fazer estremecer o Coliseu com os pés, estas eram algumas das formas pelas quais os fãs apelavam pelo grupo que, pontualmente, não os fez esperar.

Abrindo o concerto com duas faixas do seu primeiro álbum de originais, "Cracked" e "Na Na Na" foram as canções escolhidas pelo grupo que rapidamente levou o público ao rubro, passando depois para uma das suas covers mais conhecidas com "Cheerleader", de OMI, antes de "o rapaz alto e loiro dos Pentatonix" falar: "Como estão Lisboa? Nós estamos tão entusiasmados! Da última vez que cá estivemos, este foi o nosso concerto favorito. Esta música é muito importante para nós, porque foi o nosso primeiro single de sempre".

Discurso feito, foi então a vez de se fazer ouvir "Can't Sleep Love", passando depois a palavra para Kevin Olusola, um dos beatboxers do grupo: "Vocês são a melhor plateia de sempre", foram as palavras possíveis perante a loucura da plateia. De seguida, um medley de Michael Jackson, desde "ABC", dos The Jackson 5, a sucessos como "Black Or White".

Mantendo o mesmo sistema de rotatividade, foi então a vez de Avi Kaplan, o especialista em música clássica do grupo, se chegar à frente para mais um pequeno discurso: "Posso garantir-vos que este é o meu concerto favorito até agora. E é completamente impossível esquecer o do ano passado. Vocês são fantásticos! A próxima música foi arranjada especialmente para esta digressão", foram as palavras de Avi, dando depois a entrada para "Love Yourself" e "Where Are U Now?", de Justin Bieber, a que o público se juntou ao grupo num coro perfeito.

A meio do concerto, Scott grita pelo golo de Portugal que acabava de acontecer, levantando assim o espírito patriota do público que gritava por Portugal e festejava a passagem aos quartos de final do Euro 2016.

Depois de "If I Ever Fall in Love", houve espaço para um momento especial, onde o público foi surpreendido por Kevin que demonstrou a sua especialidade de celloboxing com o Prelúdio nº 1 de Bach, terminando num "muito obrigado" emocionado após a atenção do público ter recaído em si de modo silencioso, explodindo em aplausos no final da sua atuação.

Após um momento mais calmo, eis que regressaram as covers com "Radioactive", dos Imagine Dragons, "Papaoutai", de Stromae, ou "No", de Meghan Trainor.

Dando espaço aos originais, e também ao público, o grupo puxou alguns fãs para o palco para a atuação de "Misbehavin". Com o cenário repleto de puffs coloridos, todos se sentaram para cantar a música do grupo, enquanto selfies e pequenos vídeos eram gravados em plena atuação entre os fãs e os seus ídolos. À saída, os cinco não escaparam a uma enchente de abraços e beijinhos dos seus seguidores.

Após a atuação de "Water", e mais uma das suas covers populares dos Daft Punk, que levaram o público à histeria, chegou o momento de mais uma troca de palavra de Avi com o público: "Nós nunca nos vamos esquecer desta noite! Vamos cantar a próxima música sem estes microfones, por isso vão ter de ficar muito silenciosos".

Após o seu pedido, chegou então a hora do momento mais silencioso da noite, onde os passos da equipa do Coliseu se faziam ouvir perante tal comedimento da plateia que apenas se manifestou no fim da atuação num estrondoso aplauso.

Mas como tudo chega ao fim, os Pentatonix quiseram despedir-se com ritmo e energia, presenteando-nos com mais um dos seus originais, "Sing". O público levou o título à letra, e "cantou o mais alto possível" com os seus ídolos até à última nota da noite, gritando pelos seus ídolos enquanto estes abandonavam o palco, deixando-os em êxtase.

Os Pentatonix provaram que, apenas com as suas vozes, conseguem preencher o vazio de qualquer música, criando uma ilusão de palco cheio e instrumentos a rodo que, na verdade não estão lá. E não sentimos a falta deles, uma vez que Scott, Kristin, Mitch, Avi e Kevin nos conseguem surpreender como um todo coeso, deixando-nos apenas com um sorriso nos lábios e a vontade de um "até já".

Fotos: Ana Castro