A cerimónia de entrega do galardão decorre hoje, às 18:30, na Praça Leya, na Feira do Livro, instalada até ao próximo dia 13, no Parque Eduardo VII.

O livro foi publicado no passado mês de novembro e, segundo o escritor Manuel Alegre, que presidiu o júri do prémio, trata-se de um romance "bem estruturado, bem escrito, que capta a atenção quer pelo tema, quer pela construção em tempos paralelos".

Um romance que “não cede ao facilitismo do romance histórico, embora a História seja parte da ação e nos apresente uma visão inédita da tragédia resultante das invasões russa e nazi da Polónia”, segundo a ata do júri do galardão.

O júri elogiou "as qualidades de efabulação e verosimilhança em episódios de violência brutal com motivações ideológico-políticas e étnico-religiosas", deste romance inédito de João Pinto Coelho.

A ação narrativa decorre em Paris, em 2001. “Yankel – um livreiro cego que pede às amantes que lhe leiam na cama – recebe a visita de Eryk, seu amigo de infância. Não se veem desde um terrível incidente, durante a ocupação alemã, na pequena cidade onde cresceram – e em cuja floresta correram desenfreados para ver quem primeiro chegava ao coração de Shionka. Eryk – hoje um escritor famoso – está doente e não quer morrer sem escrever o livro que o há de redimir”, segundo nota do grupo editorial.

Para escrever este livro, “precisa da memória do amigo judeu, que sempre viu muito para além da sua cegueira”.

“Ao longo de meses, a luz ficará acesa na Livraria Thibault. Enquanto Yankel e Eryk mergulham no passado sob o olhar meticuloso de Vivienne – a editora que não diz tudo o que sabe –, virá ao de cima a história de uma cidade que esteve sempre no fio da navalha; uma cidade de cristãos e judeus, de sãos e de loucos, ocupada por soviéticos e alemães, onde um dia a barbárie correu à solta pelas ruas e nada voltou a ser como era”, segundo a editora.

Essa situação leva os protagonistas da história a “um ponto crítico do passado, um passado comum, que foi um acontecimento terrível que ocorreu numa pequena cidade da Polónia, em julho de 1941, e esse, sim, é um acontecimento real, aconteceu realmente, é um facto histórico, e esse acontecimento é que vai servir de mote para o resto da narrativa”, explicou o autor à agência Lusa.

Trata-se de um conflito que se dá entre dois grupos de vizinhos que conviveram durante séculos, duas comunidades, - os judeus e os cristãos polacos – “que resulta numa tragédia e faz parte do conjunto vastíssimo de acontecimentos que se viveram naquele período na Polónia, e que tem a ver com a perseguição dos judeus”, além do que foi a perseguição nazi.

Em entrevista à Lusa, João Pinto Coelho explicou que a sua obra surgiu na sequência do primeiro romance, "Perguntem a Sarah Gross”, que também aborda uma situação concreta, “igualmente desastrosa”, numa cidade polaca que foi ocupada pelos alemães e que se “transformou em Auschwitz”.

“Quando terminei o meu primeiro romance, entendi que havia uma parte da história que não estava contada e quis falar um pouco da universalidade do mal, mais do que a sua banalidade”, afirmou o escritor.

Considerando que “não foram só os alemães” que “cometeram atos bárbaros” durante aquele período da história, mas também os polacos, e outros povos, João Pinto Coelho diz que “o mal pode tocar-nos a todos”.

João Pinto Coelho nasceu em Londres, em 1967, licenciou-se em arquitetura, em 1992, e viveu a maior parte da sua vida em Lisboa, tendo passado diversas temporadas nos Estados Unidos, onde chegou a trabalhar num teatro profissional, perto de Nova Iorque.

Em 2009 e 2011, fez parte de duas ações do Conselho da Europa que tiveram lugar em Auschwitz (Oswiécim), na Polónia, trabalhando de perto com diversos investigadores sobre o holocausto.

Foi nesta fase que concebeu e desenvolveu o projeto "Auschwitz in 1st Per-son/A Letter to Meir Berkovich", que juntou jovens portugueses e polacos e que o levou uma vez mais à Polónia, às ruas de Oswiécim e aos campos de concentração e extermínio.

O escritor tem realizado diversas intervenções públicas, uma das quais, como orador, na conferência internacional "Portugal e o Holocausto", que teve lugar na Fundação Calouste Gulbenkian, em 2012.

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