O disco de estreia do grupo que junta André Louro a Gonçalo Marques (bombardino) e Artur Rouquina (oboé) reúne 11 temas cujos títulos evocam, de alguma forma, referências à cultura portuguesa ou mesmo histórias pessoais.
Assim, temas como "O paninho", "Aquário" ou "Suíte do caos" fazem parte de um álbum que apresenta ao mundo um projeto que tem sido desenvolvido ao longo de cinco anos e que nasce da "vontade de três pessoas estarem juntas para criar música".
André Louro, que é ator de profissão e não músico, e fundador da Companhia da Chanca, vive na aldeia com o mesmo nome, no concelho de Penela, em Coimbra, e foi-se encontrando com Gonçalo Marques e Artur Rouquina, dois membros da Banda de Música da Força Aérea, para ensaios e desenvolvimento de material.
"Íamos reunindo as nossas bases muito diferentes e criámos estas 2 Chamadas Não Atendidas. Fomos tocando alguns concertos, juntando material, e depois achámos que já podíamos gravar o CD, que fizemos no Auditório da Escola Superior de Música de Lisboa", conta o pianista da banda.
Um dos pontos altos de um disco que é "uma mistura de géneros" é a participação do maestro Victorino d’Almeida num dos temas.
Em termos de definição, a música que surge "é a que apetece fazer e faz sentido", e a banda aponta para "música de câmara, pelos instrumentos", ou "música de proximidade", para os definir, preferindo ainda assim afirmar "que é música portuguesa instrumental".
O processo decorreu "sem grande pensamento, é de criação com navegação à vista", com um objetivo claro: "que as pessoas se identifiquem" com o produto final.
"A questão desta música é que isto não é rock, não é jazz, não é tradicional, não é contemporâneo, e isto não é uma boa definição, porque começa por um não. Acima de tudo, é música audível, de fácil compreensão, não sendo música simples. Com que as pessoas se identificam", explicou.
O projeto estreou-se na Aldeia da Chanca, que tem "cerca de 40 habitantes, aqui do meio rural", e foi estreado na casa de André Louro. A assistência tinha "desde os urbanos de Lisboa, os urbanos de Coimbra, pessoas de Penela e pessoas da Chanca".
"As pessoas conseguiam gozar das mesmas coisas, e isso achei muito importante. Os meus vizinhos do lado podem não ter ido para casa ouvir, mas tiveram ali um bom momento. [...] É música que lhes diz qualquer coisa", explica o pianista.
O disco, lançado pela lisboeta Cult Label, está disponível nas plataformas digitais e em edição física, tendo recebido o apoio do Fundo Cultural da Sociedade Portuguesa de Autores.
André Louro assume a direção musical do projeto depois de já ter composto bandas sonoras para peças de teatro em que participou, tendo ainda um outro projeto musical, Penicos de Prata, em que se junta a João Lima e trabalham poesia e música erótica e satírica portuguesa.
Artur Rouquina é maestro e oboísta da Banda de Música da Força Aérea, onde toca com Gonçalo Marques, também professor de eufónio na Escola Profissional Metropolitana, em Lisboa, e no Conservatório de Música Óbidos.
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