O projeto do mercado do Martim Moniz, que se encontra para apreciação na Câmara de Lisboa, foi contestado no passado sábado num cordão humano convocado pela associação Renovar a Mouraria, com os manifestantes a exigirem um jardim naquele local, e tem sido criticado também pela oposição, sendo a utilização de contentores um dos aspetos apontados.

José Filipe Rebelo Pinto, do concessionário, a empresa Moonbrigade, defendeu à Lusa a “qualidade do projeto” e a sua “preocupação com a envolvente”, no qual os contentores são apenas uma “matéria-prima”, “estruturas modelares e flexíveis”, que permitem dispensar estruturas de betão e preservar o local.

“A ideia de que os contentores vão invadir a praça do Martim Moniz não é a realidade. Temos a preocupação de quem está num espaço público. Obviamente que a ideia de um espaço industrial no centro de uma cidade não faria sentido”, argumentou o empresário.

De acordo com José Filipe Rebelo Pinto, o novo mercado vai prosseguir a integração das diversas comunidades locais, que incluem o apoio a usos da praça como o críquete, com cuja federação portuguesa estão em contacto, ou como a realização de eventos na praça como o ano novo chinês, a festa do fim do Ramadão, ou o Bollywood Holi.

“Nós temos o apoio de grande parte da população. Não aparecemos de repente, estamos no Martim Moniz desde 2012”, afirmou o empresário, referindo-se a um período em que a empresa concessionária era a NCS, que se juntou a um conjunto maior de sócios, tornando-se depois na Moonbrigade.

Rebelo Pinto diz que “em 2012 aquela zona parecia estar completamente esquecida da oferta cultural”, debatendo-se com problemas de criminalidade.

“O que conseguimos trazer e fazer no local deu uma nova vida à zona”, afirmou, sublinhando que trouxe “segurança e limpeza” à zona.

O projeto do mercado do Martim Moniz vai gerar 300 postos de trabalho diretos e terá uma preocupação de sustentabilidade, apontou o empresário, referindo que “todo o material usado no espaço da restauração será biodegradável” e será reduzido o consumo de plástico, com recurso a copos reutilizáveis.

O novo mercado contará com uma peça do artista português Bordalo II, bem como do brasileiro Kobra, sendo que esta última representará “a união dos povos”, numa alusão à multiculturalidade da zona.

Em 2017, Lisboa recebeu o primeiro mural de Kobra em Portugal, o retrato do cacique Raoni, numa empena de um prédio de Marvila, uma intervenção artística que alerta para a situação das populações indígenas no Brasil e no mundo.

O projeto do mercado contempla um conjunto variado de estabelecimentos comerciais, que incluem a galeria Underdogs (que representa Vhils, entre outros), um cabeleireiro, uma loja de tatuagens, uma chapelaria, uma loja de discos, artesanato africano, especiarias da Índia, restaurantes de comida do mundo, entre outros.

José Filipe Rebelo Pinto sublinhou que esta concessão vai reduzir em 40% o espaço comercial relativamente à anterior e que a empresa vai apoiar a criação de um parque infantil.

Na reunião pública do executivo municipal de 31 de janeiro, o presidente da autarquia, Fernando Medina (PS), esclareceu que "o projeto de contentores" para aquela praça ainda não está licenciado, ao contrário do que afirmou a oposição.

O autarca insistiu sempre que está apenas autorizado o projeto de infraestruturas, de tubagens no subsolo, o que é independente de a praça vir a ter contentores ou qualquer tipo de quiosques, acrescentando que o licenciamento para a praça do Martim Moniz ainda será votado em reunião de câmara.

Medina referiu também que esse projeto incluirá o parque infantil - contributo que resultou do debate público - o aumento da área pública e de maiores responsabilidades na limpeza e segurança pelo concessionário, que foi uma condição do município.

O presidente da Câmara sublinhou a ideia de que existe uma concessão em vigor, questionando também a viabilidade de se fazer um jardim por cima de um parque de estacionamento, que ocupa o subsolo da praça.

A Assembleia Municipal de Lisboa (AML) aprovou na terça-feira, por unanimidade, uma proposta para que o projeto de requalificação da praça do Martim Moniz seja submetido a um período de discussão pública, antes de ser apreciado em reunião do executivo.

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