O presidente da Câmara de Arcos de Valdevez, João Manuel Esteves, explicou que a reedição dos livros do escritor, natural daquele concelho do Alto Minho e morto em 1919, representa uma parceria entre a Imprensa Nacional Casa da Moeda e a autarquia, com coordenação científica de Manuel Curado, da Universidade do Minho.
A primeira obra, “Comédia do Campo”, será lançada em novembro deste ano, em Arcos de Valdevez, e, posteriormente, em Lisboa, na Academia das Ciências, a que o também médico presidiu.
Os volumes “Comédia Burguesa” e “Vária/Obra Dispersa” serão apresentados em 2020 e 2021, respetivamente.
O programa do centenário da morte de Teixeira de Queirós, hoje apresentado em conferência de imprensa na presença de dois descendentes do autor, prevê ainda, no dia 18 de maio, um colóquio, com coordenação científica de Manuel Curado, que contará com a participação de alguns dos "maiores especialistas sobre a sua figura e sobre o seu tempo", entre eles a antiga ministra da Cultura Isabel Pires de Lima.
Natural de Arcos de Valdevez (1848), Teixeira de Queirós, segundo a informação hoje fornecida pela autarquia, "cedo se afirmou como romancista e contista, sendo um fiel e representativo seguidor da escola naturalista e realista".
Na obra "História da Literatura Portuguesa”, António José Saraiva e Óscar Lopes “comparam o talento deste escritor ao de Eça de Queiroz, colocando-o como um dos mais importantes expoentes literários portugueses do seu tempo".
João Manuel Esteves destacou "o homem da ciência que se tornou maior ao fazer-se escritor de referência nacional".
"Mais do que o centenário da sua morte, este programa reflete a grande parceria e envolvimento quer da família, comunidade escolar, do meio académico e cultural. O que pretendemos é incentivar ao aparecimento de outros Teixeira de Queirós", destacou João Manuel Esteves.
Concursos literários dirigidos às escolas, uma exposição sobre a vida do escritor e médico, a inauguração de um busto, ações de promoção e esclarecimento junto do público escolar e a estreia da peça de teatro inspirada na obra "O Grande Homem", são outras as iniciativas previstas no programa que começou este mês, sobretudo nas escolas de Arcos de Valdevez.
No encontro com os jornalistas foi ainda distribuído um jornal sobre Teixeira de Queirós elaborado pelos alunos das escolas do concelho.
"Com estas ações vamos percorrer o caminho da vida do personagem e do homem que é nosso. A apologia à terra está bem vincada na sua obra. O amor que tinha à sua terra", destacou o autarca social-democrata.
Já Manuel Curado destacou tratar-se de "um dos vultos da cultura portuguesa do século XIX que deixou uma herança de contos, romances e ensaios", onde soube "captar o país que era o seu".
"Grande prosador, à frente do seu tempo", sustentou, referindo que a "riqueza" da obra literária de Teixeira de Queirós "não passou despercebida aos seus conterrâneos como aos estudiosos que lhe seguiram".
O professor da Universidade do Minho realçou ainda que após a conclusão dos estudos de medicina, em Coimbra, Teixeira de Queirós "contou com a colaboração de Camilo Castelo Branco para a publicação dos seus primeiros contos".
Destacou também ser "difícil" encontrar as obras do escritor nas livrarias e no mercado alfarrabista nacional e que após várias diligências que encetou com o serviço Google Books, o público já pode aceder, online, a algumas obras do escritor.
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