Com “California”, o músico pretende passar várias ideias. “A primeira, e talvez a mais importante, é a linha da amizade e da aventura”, afirmou Afonso Rodrigues em declarações à agência Lusa, a propósito da “história de dois amigos que decidem fazer um disco, e fazê-lo numa viagem”.
“California” surgiu de um desafio lançado a Afonso por Paulo Furtado (The Legendary Tigerman), a partir de uma vontade antiga. “Há cerca de cinco anos tinha pensado fazer um disco sozinho e, na altura, até comecei a escrevê-lo [Afonso é vocalista dos Sean Riley & The Slowriders, que, em 2007, editaram o álbum de estreia, “Farewell”]. Era com uma abordagem a outros sons e uma componente mais eletrónica, que foi completamente posta de parte. Nessa altura tinha falado com o Furtado, e ele tinha-se disponibilizado para gravar o disco num estúdio que tem em casa”, recordou.
No entanto, “a ideia acabou por ficar um pouco adormecida”. Até recentemente, quando Paulo Furtado partilhou que iria aos Estados Unidos gravar um novo álbum (“Misfit”, editado em janeiro), no Rancho de la Luna, estúdio em Joshua Tree, na Califórnia, pelo qual Sean Riley sempre teve “um enorme fascínio”.
Afonso decidiu que iria ter com o amigo e planearam uma ‘road trip’ (viagem de carro) pela Califórnia. “Às tantas ele diz para agarrar as canções e fazermos um disco de guitarra e voz na estrada, aproveitando os sítios onde íamos ficar para irmos gravando”, recordou.
Além de demonstrar “as coisas positivas que podes fazer se te rodeares de pessoas de quem gostas e com quem queres trabalhar”, com este disco, “musicalmente o que é importante transmitir é a ideia da simplicidade”.
“Estamos a caminhar para tempos cada vez mais digitais e complexos, tudo feito por computadores, tudo 'super produzido', 'super trabalhado', arranjado e refinado, e isto é o oposto”, disse.
“California” é “o mais despojado possível”. “Um tipo com uma guitarra a tocar à noite, num quarto de hotel, e a gravar essas canções com um microfone”, afirmou, adiantando que a ideia era que quem ouve fique “o mais próximo possível do resultado final de quando alguém escreve uma canção em casa”.
Que o disco “soasse aos primeiros registos das canções que as pessoas fazem quando compõem e depois são irrepetíveis”, porque “o ‘feeling’ da primeira 'demo' é muito difícil de repetir”.
Apesar de “California” ter sido gravado sem os restantes elementos dos Slowriders, tem canções que, “se quisesse levá-las para o universo da banda, provavelmente seria possível”.
O disco de Afonso Rodrigues a solo nasce também de “uma grande vontade de regresso às origens de Sean Riley & The Slowriders”, banda que começou com o músico “a escrever canções à guitarra e depois a encontrar o Bruno [Simões, baixista, que desapareceu em 2016] e o Filipe [Costa, teclista] e a levá-los para essas canções e a arranjarem-nas”.
“A questão aqui prende-se mais com o facto de eu ter dado início a essa banda, e de ter feito quatro discos com ela mas nunca ter feito um disco daquilo que era a génese dessa banda”, partilhou.
Na gravação de “Californa”, Sean Riley usou a primeira guitarra que comprou e na qual escreveu o álbum de estreia da banda, há onze anos. “Não houve aqui uma ideia de afastamento ou de não cabimento, mas sim uma espécie de regresso às origens, acima de tudo”, disse.
“California” tem estado a ser apresentado ao vivo desde março, com Sean Riley a fazer a primeira parte dos concertos da digressão de apresentação de “Misfit”, de The Legendary Tigerman.
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