São três instalações diferentes que integram uma “constelação de projetos que convidam artistas que têm experimentado com o som”, observou o diretor do museu, Philippe Vergne.

Dela fazem parte a exposição de Pedro Tudela, inaugurada em setembro, mas também os artistas Tarek Atoui e Ryoji Ikeda, que chegarão ao museu em breve.

A mostra começa com “The Greenhouse” (“A estufa”, na tradução do inglês), um trabalho de 2017 que é apresentado agora com uma nova versão na Galeria Contemporânea, e mostra o trabalho da artista em torno da indução eletromagnética, misturando sons naturais e sintéticos.

Numa visita para a imprensa, Christina Kubisch explicou que a inspiração para aquela obra vem “da tradição do século XIX, quando traziam plantas das colónias, mas só a parte visual, nunca os sons”.

Para quem visita a exposição, os auscultadores dão acesso a “duas atmosferas, uma de gravações no terreno, e outra coisa estranha, que se relaciona com os campos eletromagnéticos”.

“Não é música eletrónica, criada artificialmente, é tudo gravado ao vivo, até os campos eletromagnéticos são emanados por ecrãs, sistemas de luz, etc.”, explicou a autora.

O curador da exposição, Pedro Rocha, destacou que, naquele espaço, “o público é convidado a ativar a obra, deslocando-se no espaço”.

A capela da Casa de Serralves recebe “Silence Project” (“Projeto Silêncio”), de 2011, que combina gravações da palavra “silêncio” em cerca de setenta línguas diferentes e a representação visual daqueles sonogramas, mas também da obra “4’33’’”, do compositor John Cage.

“No seguimento do que John Cage nos havia já ensinado sobre a impossibilidade do silêncio, a Christina convida-nos a uma visualização e experimentação material do silêncio enquanto conceito e algo cultural, não tanto como uma experiência absoluta, algo sempre mediado pela linguagem, palavras, conceitos”, sublinhou o curador.

Em “Brunnenlieder” (“Canções da Fonte”), os sons naturais encontram-se com “Ein Brunnen vor dem Tore”, uma canção popular que integra o ciclo “Winterreise” de Friedrich Müller, musicada por Franz Schubert e com arranjos para piano de Franz Liszt.

No Redondo das Cameleiras, junto à Casa de Serralves, pode-se ouvir uma composição que combina sons de água, mas é também um convite “a ouvir todos os sons que estão à volta” daquele espaço, explicou a artista.

Aquela obra “tem a ver com esta noção de inquietude e silêncio” e “faz parte de uma idealização romântica que começou na altura do Romantismo” do “silêncio enquanto algo do imaginário”.

Os vários trabalhos expostos “reúnem uma série de princípios que assistem ao trabalho da Christina”, realçou o curador, nomeando a “diluição de fronteiras entre o visual e o sonoro”.

“Temos um som que é desenhado visualmente e, ao mesmo tempo, uma componente visual definida em termos sonoros”, detalhou Pedro Rocha.

Para Phillipe Vergne, esta exposição “é muito importante”, porque assume “o compromisso com o experimentalismo”, que está “no coração” da ação daquele museu.

“Não podemos pensar a arte de hoje sem a noção de que a experiência da arte é para experienciar com todo o corpo”, afirmou o diretor de Serralves.

Christina Kubisch nasceu em Bremen, na Alemanha, em 1948 e estudou pintura na Academia de Belas Artes de Estugarda e música e composição em Hamburgo, Graz e Milão.

“Nunca decidi se que queria ser pintora ou música. Pintei dois anos, disseram-me que nunca seria uma boa pintora. Foi o melhor conselho que me deram. Estudei flauta e composição, fui para a música eletrónica, nos anos 1970 comecei com performances”, contou.

Desenvolveu técnicas de indução eletromagnética, energia solar e sistemas especiais de luz que trabalha artisticamente.

Já expôs em nome individual em vários países e tem obras nas coleções de museus como o Museu de Arte Moderna de São Francisco e o Hamburger Bahnhof, em Berlim.

Foi distinguida com vários prémios, destacando-se o Giga-Herts do ZKM, que lhe será atribuído em novembro pela sua carreira.

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