Com os seus parceiros criativos, os bailarinos e coreógrafos Sofia Dias e Vítor Roriz, Tiago Rodrigues retoma o mito de Tristão e Isolda e segue o seu movimento através dos tempos, nomeadamente através de “transcrições reescritos, traduções, mal-entendidos, erros e divagações”, lê-se na página de Ópera Nacional de Lorena, na Internet.
“Ele transmite a lenda que conjuga no presente, inscrevendo no vazio estas palavras que são maiores do que os nossos corpos”, acrescenta a ópera sobre o ator, encenador e dramaturgo português que, em setembro de 2022, assumiu o cargo de diretor do Festival d´Avignon.
Na página pessoal de Tiago Rodrigues na rede social Facebook, pode ver-se uma imagem a preto e branco do cenário da ópera, uma imensa biblioteca, onde pontuam três escadas, e onde o encenador fala com os bailarinos portugueses.
Sobre o ex-diretor do Teatro Nacional D. Maria II, a Ópera Nacional de Lorena acrescenta que “gosta de trazer obras do seu pedestal para as partilhar com o público”.
O teatro de Tiago Rodrigues “une num sopro o presente do palco com a comunidade efémera dos espectadores”, indica.
“Assume a forma de rituais frágeis e invulgares: realizar uma imensa epopeia com dois atores, ter um punhado de pessoas a aprender as linhas de um soneto shakespeariano, trazendo para o palco o ponto de partida do Teatro Nacional Dona Maria II em Lisboa”, conclui aquela ópera francesa, referindo-se especificamente a duas das peças do encenador e dramaturgo português, "Coro dos Amantes" e "By Heart", respetivamente, que se destacaram na abertura da temporada francesa de espetáculos, no passado outono.
Durante quatro horas de experiência musical e mística, na história do amor trágico do cavaleiro originário da Cornualha e da princeca irlandesa, “Tristão e Isolda, Isolda e Tristão odiar-se-ão um ao outro, amar-se-ão, separar-se-ão, morrerão e reunir-se-ão”, lê-se ainda no 'site' da Ópera Nacional de Lorena.
Os principais papéis, no elenco da ópera estão o tenor Samuel Sakker, um cantor "wagneriano de uma escuridão espantosa", como a crítica especializada o eleogiou depois dos seus desempenhos em "Mestres Cantores de Nuremberga" e "Navio Fantasma", e a soprano Dorothea Röschmann, uma das mais versáteis e destacadas intérpretes desde o final dos anos de 1990.
Richard Wagner, inspirado pela sua paixão por Mathilde Wesendonck, “ofereceu ao mundo o que viria a ser um dos monumentos da arte ocidental”, a composição e o libreto da ópera em três atos "Tristão e Isolda", apresentada, pela primeira vez, no Royal Bavarian Court Theatre, em Munique, em 10 de junho de 1865.
A criação encenada por Tiago Rodrigues, responsável também pelo texto adicional, é uma produção da Ópera Nacional de Lorena, da Ópera de Lille e do Théâtre de Caen.
A dirigir a orquestra da Ópera Nacional de Lorena está o maestro Leo Hussain, enquanto Guillaume Fauchère dirige o coro da orquestra.
Dirigida por Tiago Rodrigues, “Tristão e Isolda” tem cenografia de Fernando Ribeiro, figurinos de José António Tenente, luz de Rui Monteiro, dramaturgia de Simon Hatab, assistência de direção de Sophie Bricaire enquanto a tradução do texto adicional é de Thomas Resendes.
Além de Sofia Dias e Vítor Roriz como bailarinos, coreógrafos e tradutores, e dos protagonistas Dorothea Röschmann e Samuel Sakker, a interpretar a ópera, estão a meio-soprano Aude Extremo (Brangäne), o barítono Scott Hendricks (Kurwenal), o baixo Jongmin Park (Rei Marke), o barítono Peter Brathwaite (Melot), e ainda Alexander Robin (voz de um jovem marinheiro) e Yong Kim (timoneiro).
"Tristão e Isolda", por Tiago Rodrigues, estreia-se na Ópera Nacional de Lorena, no domingo, onde fica em cena até 10 de fevereiro.
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