“Quando celebramos os 50 anos do Tropicalismo, não na situação exótica, mas sim no conceito que estava por detrás do movimento, ou seja, a transformação, sem modelos, e a inovação da música brasileira, o que quer dizer que a transformou mais no mundo, e que tiveram impulsionadores como Caetano Veloso e Gilberto Gil”, contou o diretor da ACERT, José Rui Martins.
Para celebrar estes 50 anos de Tropicalismo, a 28.ª edição do Tom de Festa da ACERT, entre quinta-feira e sábado, leva a Tondela músicos que pisam um palco português pela primeira vez.
“São nomes que, não sendo sonantes do ponto de vista comerciais, em termos de culturas de massas, têm uma carreira afirmada no Brasil e que, na maioria deles, têm a sua primeira apresentação em Portugal, como é o caso de Guilherme Ventura e de Octavio Cardozzo”, revelou.
Do programa musical constam ainda Roda do Choro de Lisboa, CYZ e O Gringo Sou Eu, embora o espetáculo de abertura seja da responsabilidade da prata da casa, com A Cor da Língua ACERT, que interpretará “rearranjos de alguns dos temas mais emblemáticos do Tropicalismo”, num espetáculo que “conta com alguns convidados”.
A par da música, outras manifestações artísticas compõem o festival que “reflete o interior da própria ACERT nos seus vários desempenhos”, explicou.
“Todo o espaço ganha o festival através, este ano, de três palcos onde para além dos concertos haverá a gastronomia, neste caso, brasileira, exposições, o mural e mais”.
A exposição deste ano “já esteve em Óbidos e é de textos de José Saramago e xilogravura do grande xilogravista Borges” e o mural vai ser pintado “por uma brasileira, sob o tema do Tropicalismo e depois é a vivência, porque o Tom de Festa é um local de encontro, de unidade dos músicos, da comunidade e é a grande festa, o grande festival, de verão da ACERT”.
O festival tem, este ano, um orçamento de 10.000 euros, “onde não se somam o trabalho da equipa profissional da ACERT que monta todo o espaço e que trabalha nele mais do que três semanas para montar palcos e decoração do espaço, da criação de subespaços”, adiantou o diretor.
“E também não está contemplada a cumplicidade que temos dos artistas que aqui atuam, neste caso tivemos um grande apoio para que alguns dos artistas se apresentassem a primeira vez e que resultam, precisamente, dos acordos que fizemos com alguns governos como o de Minas Gerais e Belo Horizonte, no Brasil, fruto das cumplicidades estabelecidas pela ACERT nas suas deslocações, na sua itinerância, nas relações internacionais que vamos estabelecendo”, esclareceu.
Fazer o Tom de Festa num ano em que a ACERT viu o seu subsídio cortado, em 52.000 euros por ano, por parte da Direção-Geral das Artes, é, no entender de José Rui Martins, “uma forma de demonstrar resistência, de quem não deita a toalha ao chão, e de quem não cede ao que é mais fácil, que é deixar de fazer atividades”.
A entrada no certame é de cinco euros para os três dias o que é, no entender da organização “totalmente simbólico e o espectador sabe isso, porque também sabe o preço das entradas para outras iniciativas congéneres, por isso encontra essa diferença”.
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