O álbum é produzido pelo pianista Filipe Raposo, que foi autor dos arranjos musicais e participa no acompanhamento de alguns temas, entre eles “Um Fado ao Contrário”, que inclui também a percussão de Quiné Teles e a guitarra elétrica de André Santos.
“Esta vontade de arriscar, de mudar, de fazer diferente, surgiu de uma forma natural e inata, que entendo como parte do meu crescimento como intérprete”, afirmou Pedro Moutinho, cujo disco “Encontro” (2006) lhe valeu o Prémio Amália para o Melhor Álbum de Fado.
Em entrevista à agência Lusa, Pedro Moutinho, referindo-se ao título do álbum, disse: “Este ‘ao contrário’ é mais no sentido da paixão, e até no sentido de quando transmitimos a uma pessoa, ‘isto não está bem assim, faz lá ao contrário, que pode ser que resulte’”.
O tema que dá título ao álbum é um poema de Maria do Rosário Pedreira, que já escreveu anteriormente para o fadista, “e uma poetisa que a Amélia Muge gostava muito de musicar”.
“A Amélia, genialmente, conseguiu que ele soasse mesmo ao contrário, se se reparar, no final de cada verso, eu volto para trás, pois é a forma como ela o compôs”, destacou.
Entre os 11 temas que constituem o álbum, o fadista recria “Tragédia da Rua das Gáveas”, uma canção de Vitorino, de quem tinha gravado um tema no primeiro disco, em 2013.
O criador de "Um Copo de Sol" (Amélia Muge), neste novo disco, recriou também “Foi Um Bem Conhecer-te”, de Manuel de Almeida, que interpreta no Fado Corrido, e “Maldição”, de Fernando Farinha, que optou por gravar no Fado José António de Sextilhas, e não no Fado Bacalhau, como o original.
A escolha de um tema de Manuel de Almeida (1922-1995) foi uma homenagem a este fadista, que apontou como “uma referência” sua e com quem chegou ainda a trabalhar na casa de fados Forte D. Rodrigo, no concelho de Cascais.
“Acho uma letra fantástica e super-atual. Esta letra é a minha cara e isto já me aconteceu”, declarou, entre risos.
O álbum levou cerca de um ano e meio, entre a preparação, com a escolha de repertório por Pedro Moutinho, e as conversas com Amélia Muge, de quem ouve sempre “o conselho avisado e amigo” e a concretização em estúdio, onde foi “fundamental” Filipe Raposo.
Do alinhamento, Pedro Moutinho destacou uma melodia, Fado Pedro, composta por Pedro de Castro para umas quadras de Manuela de Freitas, “Graça da Graça”. Uma melodia que o fadista auspicia que “os jovens venham a cantar, colocando nela outras quadras”.
“A Graça, o bairro da Graça, é, aliás, um tema recorrente na tradição fadistas, e, neste caso, quem melhor, que a Manuela de Freitas para fazer aqueles trocadilhos”, disse.
Amélia Muge e Manuela de Freitas são as autoras mais constantes no novo álbum de Pedro Moutinho, que inclui de Márcia (letra e música) “Força do Mar”.
Com música e letra de Amélia Muge, o fadista gravou “Aquele Bar” e “Uma Pena que me Coube”, e apenas com letra da autora gravou “Não Sei Se a Tristeza é Triste” e “Ruas do Tempo”, gravadas respetivamente numa melodia original de Raposo, e no Fado José Marques.
De Manuela de Freitas, “Chego Tarde, Canto o Fado”, que gravou na melodia tradicional Rapsódia de Fados, dos irmãos Casimiro e Miguel Ramos.
Para o acompanhar no disco, o fadista afirmou que quis mudar e também arriscar, e escolheu músicos menos habituais ao seu lado, designadamente, Ângelo Freire, na guitarra portuguesa, Pedro Soares, na viola, e Daniel Pinto, no baixo acústico.
Pedro Moutinho projeta apresentar o álbum no dia 12 de abril no Teatro Municipal de S. Luiz, em Lisboa.
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