O Passaporte, criado em 2016 pela diretora portuguesa de ‘casting’ Patrícia Vasconcelos, em parceria com a Academia Portuguesa de Cinema, decorrerá entre 25 e 29 de maio em Lisboa, com a participação de 20 atores e atrizes portuguesas, que se candidataram ao programa e foram escolhidos por um júri.

O programa tem como objetivo pôr em contacto talentos nacionais com diretores internacionais de 'casting', em Lisboa, para futuras produções de cinema e televisão, mas também quer proporcionar formação e contactos de trabalho entre profissionais.

“Este ano havia uma qualidade de atores inacreditável e ficámos com um número maior” de participantes, cerca do dobro de anos anteriores, disse Patrícia Vasconcelos.

Entre os 20 atores escolhidos estão Rui Morisson, Margarida Vila-Nova, Sónia Balacó, João Nunes Monteiro, Salvador Nery, Samuel Alves, Mariana Norton e Mauro Hermínio.

Do lado dos 17 diretores de ‘casting’ convidados estão, por exemplo, Lucinda Syson, responsável pela escolha de elenco da série “The Sandman”, “Lucy Bevan”, pelos filmes “Batman” (2022) ou “Belfast” (2021), e Cindy Tolan, que esteve envolvida no ‘casting’ de “West Side Story”.

O programa associado ao Passaporte decorrerá na Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva, em Lisboa, com conversas, ‘workshops’ e apresentação de projetos.

Desde a primeira edição, em 2016, Patrícia Vasconcelos registou uma grande adesão dos profissionais portugueses, em busca de diversificação de oportunidades de trabalho, e reconhece que, hoje, já se vislumbra um retorno.

Dos atores que participaram em edições anteriores, há os exemplos de Nuno Lopes, um dos protagonistas da série “White Lines”, de Jani Zhao, que entrará no filme “Aquaman and the Lost Kingdom”, e de Albano Jerónimo, convocado para a série “Vikings”.

“A palavra passou. De repente, o objetivo principal era pôr Portugal no mapa e tanto talento não ficar confinado ao país. Era um desperdício ficarem confinados ao nosso belíssimo país”, sublinhou Patrícia Vasconcelos.

Da participação de diretores de ‘casting’, Patrícia Vasconcelos fala de um compromisso entre convites que faz e pedidos que recebe, porque o Passaporte é uma oportunidade de contacto entre diretores.

Patrícia Vasconcelos reconhece também a existência de um ecossistema, ainda que de pequena escala, no panorama português, pelo aparecimento de novas produtoras – nomeadamente as plataformas de ‘streaming’ –, pelos incentivos fiscais do Governo para captar mais produções estrangeiras em Portugal e porque o país tem tido uma maior promoção enquanto destino turístico.

“A palavra passa de tal maneira que eles próprios procuram agências e lançam ‘castings’ e muitos querem vir ao programa, porque tem ‘networking’. Há um burburinho, ouve-se falar”, sublinhou.

Sobre a natureza do projeto e a sua preparação, Patrícia Vasconcelos ainda avalia o futuro do Passaporte, que tem contado com financiamento do Instituto do Cinema e Audiovisual.

“Para consolidar projetos deste género, como um festival de cinema, é ser apoiado a três anos, para fazer uma programação como deve ser. Não faz sentido estarmos sistematicamente a querer melhorar o projeto e ele não crescer se não tiver estabilidade”, disse.