O nome não engana: Céline Cousteau é neta de Jacques Cousteau e já entrou para a história ao ser a primeira mulher a comandar uma série documental de expedições. "No Mundo com Céline Cousteau" estreou este domingo, dia 23 de junho, no Odiesseia - o segundo episódio vai para o ar no dia 30 de junho.

Durante três décadas, o explorador e realizador Jacques Yves Cousteau criou um inventário do esplendor do nosso planeta, desde o Mediterrâneo ao Amazonas, e desde a Patagónia à Polinésia. Duas gerações depois, a sua neta Céline atualiza esse repertório, ao regressar a um desses destinos míticos, a Patagónia.

"A minha família foi, sem dúvida, uma inspiração para mim. A minha mãe foi fotógrafa de expedições durante 13 anos. Ela esteve atrás da máquina fotográfica e não a vimos. A minha avó [Simone Melchior Cousteau] estava a bordo da viagem com o meu avô, mas não quiser ser o centro das atenções. Muitas pessoas conhecem a sua história. O meu pai era produtor de filmes. E, claro, o meu avô, é mais conhecido da família", conta Céline Cousteau ao SAPO Mag. "A minha família trilhou o seu caminho e eu estou a criar o meu caminho", acrescenta.

Na série documental de dois episódios, Céline Cousteau procura aprofundar as relações humanas com os que a rodeiam, para compreender melhor como mudou o Cone Sul e os seus habitantes. "Esta série permite que os espectadores sonhem e viajem para locais fantásticos (...) As histórias são inspiradoras e acho que conseguimos fazer algo especial ao mostrar toda a equipa e a forma como vivemos a história", frisa.

"Acho que é uma história incrível para contar", acrescenta Céline Cousteau. "Não sei o que me surpreendeu mais durante as gravações, mas acho que o que mais me motivou foi ver a forma apaixonada como as pessoas trabalharam todos os dias. Não estavam a fazer isso só porque estavam a ser filmadas, estavam porque acreditam nisto", destaca em conversa com o SAPO Mag.

Para Céline Cousteau, o maior desafio foi contar a história de uma forma que fosse entendida por todos. "O maior desafio acho que foi partilhar a história de uma forma que o público entendesse", sublinha, acrescentando que o objetivo é fazer com que "as pessoas criem ligação com o local".

Segundo o Odiesseia, "No Mundo com Céline Cousteau" é o suporte "para focar questões de desenvolvimento e batalhas ambientais que se travam por todo o globo": "denuncia problemas, quando necessário, mas também procura soluções que possam ser aplicadas em larga escala, para obter um equilíbrio saudável entre a humanidade e a natureza".

Os episódios

Patagónia, Mar de Gelo      

Em 1972, o ano em que Céline nasceu, Jacques Cousteau navegou até aos mares do Sul, para observar as baleias de Terra do Fogo e regressou resignado. A sobrevivência da espécie estava em perigo. Mais de quatro décadas depois, Céline inicia uma grande aventura marítima de 3000 quilómetros pela costa chilena, para viver um conjunto de momentos mágicos com os gigantes do oceano, como o canto das baleias azuis, ou os saltos das baleias-de-bossa. Pelo caminho, deparará com colónias de leões-marinhos, com a recuperação do coral, com as preocupantes práticas ambientais das aquaculturas de salmão e com uma série de ativistas defensores da natureza.

Patagónia, Terra de Fogo (domingo 30 de junho, 16h00)

Céline Cousteau deixa o barco para explorar a Patagónia por terra. Através da mítica estrada austral, descobre as impressionantes consequências da erupção do vulcão Chaitén, há dez anos. Mais a sul, conhece o programa de recuperação da natureza de Puerto Chacabuco, um paraíso onde o puma prospera, em coabitação com veados-dos-Andes, guanacos e emas. Em Puerto Edén, Céline junta-se a uns amigos do avô, os últimos membros da tribo indígena kawésqar. Por último, Céline tem oportunidade de acompanhar uma equipa de espeleólogos ao coração do glaciar Pio XI, o maior da América do Sul, em busca de grutas e rios ocultos sob a massa de gelo.