Agora com 48 anos, Lewinsky trabalhou com os produtores e argumentistas para tornar a narrativa o mais verídica possível, tendo também colaborado com a atriz que a interpreta no pequeno ecrã, Beanie Feldstein.
“A Monica é uma mulher que não teve voz durante esta incrível sucessão de eventos”, afirmou a produtora executiva Nina Jacobson, num painel sobre a série. “Depois de ela ter sido silenciada e culturalmente banida durante vinte anos, tínhamos de lhe dar uma voz”.
A série explora a amizade entre Lewinsky e Linda Tripp (interpretada por Sarah Paulson), uma veterana do Pentágono que acabaria por gravar secretamente as suas conversas privadas e entregá-las ao procurador especial Ken Starr, que investigou o processo contra Bill Clinton.
Acusado de cometer perjúrio quando disse ao congresso norte-americano que não tinha tido relações sexuais com Lewinsky, uma jovem que começara como estagiária da Casa Branca em 1995, Clinton sobreviveu à tentativa de destituição. Na série, é interpretado por Clive Owen.
“Estava pré-estabelecido que Clinton ia ser absolvido, tal como Trump”, disse Brad Simpson, produtor executivo.
“American Crime Story: O Caso Monica Lewinsky” foi inspirada no livro de Jeffrey Tobin “A Vast Conspiracy” e na autobiografia de Monica Lewinsky, principal consultora da temporada, tendo usado também os testemunhos sob juramento.
“A versão da Monica que a cultura de 1998 criou não tem reflexo na pessoa da vida real”, salientou Sarah Burgess, produtora executiva e principal argumentista da série.
A outra mulher central na narrativa desta temporada é Paula Jones, interpretada por Annaleigh Ashford, que acusou o então presidente Bill Clinton de assédio sexual.
“São mulheres que existem nos corredores do poder e não estão no lugar do condutor”, disse Nina Jacobson. “Estão encurraladas na sua proximidade ao poder”, continuou.
Beanie Feldstein disse que a colaboração entre Monica Lewinsky e os argumentistas foi “íntima e intrincada”, o que lhe deu um certo nível de conforto na interpretação das cenas.
“Ouvir as gravações foi emocionalmente muito pesado para mim”, revelou a atriz.
O episódio em que Lewinsky é apanhada pelos investigadores, disse, demorou 23 dias para filmar. “A verdade é mais estranha que a ficção no que toca a esse dia, o que a Monica passou”, descreveu. “É incomensurável que isto tenha acontecido”.
Feldstein, que ficou conhecida com o filme “Booksmart: Inteligentes e Rebeldes”, disse que se encontrou com Lewinsky antes da pandemia e desenvolveu uma relação de amizade com ela.
“Ela foi incrivelmente generosa”, disse a atriz. “Eu via-me como a sua guarda-costas, queria protegê-la”, continuou.
Meticulosa com os detalhes, incluindo os tons de verniz que Lewinsky lhe disse que usava, Beanie Feldstein descreveu uma relação de confiança mútua, fulcral na representação de acontecimentos tão íntimos e consequentes para a vida de todos os envolvidos.
“O relacionamento central não é entre a Monica e o Bill, é entre a Monica e a Linda”, disse a atriz. “Estas mulheres confiam e desconfiam profundamente das pessoas erradas”.
Sarah Paulson, que demorava três horas e 45 minutos para se caracterizar como Linda Tripp, recusou a ideia de que ela era uma pessoa intragável.
“Penso que as suas escolhas são questionáveis, mas não partilho a ideia de que ela era desagradável”, afirmou. “Sou incrivelmente protetora desta mulher que habitei durante os últimos dez meses”.
“American Crime Story: O Caso Monica Lewinsky” estreia-se às 22h20 de quinta-feira, com episódio duplo, na FOX Life.
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