Parece ter sido ontem, mas já lá vão 11 anos e dez temporadas já emitidas de "The Walking Dead", a série pós-apocalíptica baseada na banda desenhada de Robert Kirkman que, sim, é sobre um mundo dominado por zombies, mas, sim, provou ao longo dos tempos ser muito mais sobre os humanos do que sobre os "walkers".

Ao longo de todas as temporadas, "The Walking Dead" explorou as relações em ambiente de sobrevivência, não teve medo de matar (muitas) personagens importantes e deu cabo de zombies sem conta.

A 11ª temporada será a última, ainda que tenha duas partes, some 24 episódios e vá ser emitida ao longo de quase dois anos. Temos, portanto, ainda muito tempo para nos despedirmos de veteranos que ainda sobrevivem na série, como Daryl (Norman Reedus), Carol (Melissa McBride), Maggie (Lauren Cohan) ou Negan (Jeffrey Dean Morgan) e continuar a conhecer personagens novas ou mais recentemente adicionadas à já longa história.

A primeira parte da 11ª e última temporada de "The Walking Dead" arranca esta segunda-feira, às 22h15, na FOX, e o SAPO Mag esteve à conversa com Angela Kang, argumentista na série desde a segunda temporada e showrunner (a diretora criativa da série) desde 2019, para saber como vamos começar a dizer adeus a "The Walking Dead".

Angela Kang
Angela Kang

“The Walking Dead” é um exemplo de longevidade na televisão e agora, na última temporada, imagino que tenham refletido muito para dar aos fãs o final de que eles estão à espera. Como foi o debate sobre quem e o que incluir nesta temporada e o que é que sabia desde o início que tinha mesmo de lá estar?

Esta tem sido uma temporada tão estranha para nós, no que diz respeito à escrita, porque a começámos antes da pandemia, fizemos uma pausa e depois retomámo-la. Em vários pontos do caminho, tivemos muitas conversas diferentes sobre o que poderíamos ter nesta temporada e, depois, quando já tínhamos começado a planeá-la, descobrimos que esta seria a última. Para nós, em cada temporada, o objetivo é apenas contar uma boa história e esperamos ter conseguido isso para os fãs.

Olhámos para a banda desenhada, tentámos decidir o que funcionava com as personagens que ainda estão vivas e o que poderia não ser necessário para esta temporada em particular. Há também muito material original nesta temporada e, à medida que avançamos, por vezes estamos a redescobrir pedaços da banda desenhada que queremos adaptar. Há também coisas que pensávamos que íamos ter e que tivemos de largar porque há demasiado material. Estamos constantemente a evoluir à medida que avançamos.

A série nunca teve medo de matar personagens importantes. Temos de nos preparar para mortes marcantes nesta temporada?

Não quero fazer spoilers, mas penso que a série é sobre o que significa morrer e o que significa viver e direi apenas que tematicamente isso é sempre importante para o “The Walking Dead”.

Os dois primeiros episódios são de grande escala, com muitas personagens e muita ação. Ainda teremos alguns episódios mais intimistas como nas outras temporadas, focados em uma ou duas personagens, ou esta última temporada terá tudo em grande escala?

Haverá definitivamente alguns episódios pelo meio que são muito mais restritos, e parte dessa decisão tem apenas que ver com orçamento, mas também gostamos de ter esse tipo de narrativa em que, por vezes, colocamos o foco numa história mais pequena porque isso permite aos atores brilhar de uma forma diferente e aprofundar mais as personagens, por isso, temos isso algumas vezes.

Os primeiros episódios têm algumas cenas de ação de grande dimensão. Foi algo em que quiseram investir e vamos ter mais cenas de ação dessa escala nesta temporada?

Sim, vai haver muita ação, em certas partes da temporada vamos ter algumas sequências muito divertidas e de grande escala. O que penso que é divertido para as pessoas é aquela sensação de ficar em casa sentado a ver um filme que faz parte de uma história em constante evolução. Por isso, gostávamos de estar à altura das expectativas dos nossos fãs nesta altura.

Por esta altura há tantas linhas narrativas a acontecer e tantas personagens em sítios diferentes... Quão complexo é escrever tendo por base esse puzzle intrincado, especialmente numa temporada final, em que sabemos que eventualmente têm de se dirigir para um fecho?

É muito complexo. A história, na banda desenhada em que se baseia a série, expande-se a partir de uma pessoa à procura de uma família. E depois é como se crescesse e crescesse e crescesse para múltiplas comunidades que estão ligadas entre si. Isto significa que se acaba por conhecer uma grande variedade de pessoas e isso é bom porque a diversidade e a inclusão são muito importantes para nós, e permite-nos também ter uma multiplicidade de personagens que as pessoas adoram e com quem se identificam. Mas penso que essa complexidade também faz parte do desafio de contar uma história como esta.

"A compreensão do que está lá fora vai continuar a aumentar"

Ao longo das temporadas, nunca foi muito relevante na série mostrar o panorama mais amplo do mundo. Podemos esperar ter nesta última temporada mais algumas respostas sobre para onde a civilização vai caminhar a seguir?

Haverá apenas a sensação de que a compreensão do que está lá fora vai continuar a aumentar. Portanto, acho que dessa forma, isso vai acontecer. Só não quero entrar em muitos pormenores.

Trabalha na série desde a segunda temporada, já teve várias funções, é argumentista e é a showrunner desde 2019. Isso, para os parâmetros da indústria, deve parecer uma vida. Quando entrou no projeto, alguma vez imaginou que ainda estaria a trabalhar na mesma série tantos anos depois?

Não, não fazia a menor ideia. Mas penso que todos nós que estivemos presentes naqueles primeiros dias, pensávamos que era uma série muito boa, que tínhamos sorte por estar ali a trabalhar e, se durasse alguns anos, isso era ótimo. Quem diria aquilo que iríamos atravessar em conjunto? Mas tem sido muito divertido e gratificante. Por isso, sinto-me muito afortunada por ter conseguido ficar na série durante tantos anos. É já a maior parte da minha carreira e passou por diferentes fases da minha vida.

"Tem sido desafiante descobrir como terminar a série, porque queremos fazê-lo de uma forma que seja fiel à história e também satisfatória."

Quais foram para si os momentos mais desafiantes e mais gratificantes ao longo de todos estes anos?

Oh, meu Deus. Penso que é sempre um momento desafiante quanto tem de se matar uma personagem porque queremos sempre fazer o correto e tomar essas decisões pode ser difícil. Penso que também tem sido desafiante descobrir como terminar a série, porque queremos fazê-lo de uma forma que seja fiel à história e também satisfatória. O que tem sido mais gratificante é que tenho tantas boas memórias do meu tempo na série e adoro os momentos em que tenho estado na rodagem, como argumentista, só a ver os atores e a equipa a dar vida de uma forma muito especial a algo que acabou de sair das nossas cabeças.

Fizemos todos tão bons amigos nesta série. Há relações que todos nós criámos que penso que vão durar uma vida inteira. Estivemos juntos este tempo todo enquanto as pessoas foram tendo filhos, criaram coisas novas... estivemos sempre lá uns para os outros, por isso, vou levar isso comigo para o resto da minha vida.

E está preparada para se despedir?

Não. Penso que todos nós precisamos de algum tempo para chegar a esse ponto. Ainda temos muitos, muitos meses de série pela frente, ainda não chegámos lá.

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