Os produtores da série da plataforma de streaming Hulu anteciparam que a nova temporada mostrará novos locais, personagens e reviravoltas na narrativa, sem deixar de lado o ambiente de terror de Gilead.

"Sobre a cena de abertura da segunda temporada: o que quer que pensem que vai ser, esqueçam", disse a protagonista, Elisabeth Moss, ao canal Bravo.

A série "eguiu numa direção completamente diferente da que eu esperava", acrescentou.

Publicado em 1985, o livro de Atwood é leitura obrigatória nas escolas, muitas vezes colocado no mesmo nível de outras obras de ficção como "1984" de George Orwell e "Admirável Mundo Novo" de Aldous Huxley.

Inspirou um filme, uma graphic novel, uma ópera e um bailado, além, claro, da primeira temporada da série da Hulu, que venceu oito Emmys, três Critics Choice Awards e dois Globos de Ouro.

A série passa-se num futuro não muito distante no que era a Nova Inglaterra, desmantelada por um golpe teocrático que resultou na criação de Gilead, um regime tirânico em que os homens impõem castigos brutais e a violação é imposta pelo novo Estado para combater uma crise de infertilidade.

Moss interpreta June/Offred, umas das poucas mulheres férteis, denominadas "handmaids" e que adotam o nome dos seus "donos" - altos membros do governo -, que, por sua vez, as violam numa "política" para aumentar a população mundial.

A série regressa ao serviço Hulu a 25 de abril.

Parte da resistência

A série estreou num momento - abril de 2017 - em que a visão de pesadelo de Atwood encontrou algum eco na sociedade americana, cenário de massacres inspirados pela religião, ataques sexuais em universidades e um ataque a uma clínica de interrupção voluntária da gravidez.

Alguns críticos chegaram a opinar que "The Handmaid's Tale" era um produto lógico do pior cenário possível dos Estados Unidos de Donald Trump.

As vendas do livro dispararam depois de o republicano ter vencido a eleição em 2016 e a sua mensagem de igualdade de género ganhou ainda mais força após o escândalo de abusos sexuais em Hollywood, protagonizado pelo produtor Harvey Weinstein e outros pesos pesados da indústria.

O produtor executivo da série, Warren Littlefield, afirmou, após a vitória nos Globos de Ouro em janeiro, que gostaria que a série não fosse tão atual como demonstrou ser.

"Quando começámos a desenvolver e depois a produzir a série, o mundo era muito diferente do que é hoje. Não era o mundo de Trump", disse.

"No meio da primeira temporada a realidade mudou e cada dia é uma recordação da nossa responsabilidade de honrar a visão de Margaret Atwood, além de também ser parte da resistência".

A segunda temporada, que terá no elenco Marisa Tomei e Bradley Whitford, mostra como a ditadura se formou e introduz as colónias, zonas contaminadas para as quais são enviados os dissidentes, muito similares a campos de concentração.

Também mostrará a história dos dissidentes no Canadá, incluindo Moira (Samira Wiley), que consegue escapar no final da primeira temporada, depois de ser violada em diversas ocasiões. No novo país ela encontra Luke Bankole (OT Fagbenle), o marido de June, a sua melhor amiga.

"Os dois podem estar em Little America, em Toronto, mas não deixaram completamente Gilead e Gilead não saiu completamente deles. Assim podemos lidar com o trauma e as repercussões de tudo isto", destacou Littlefield.