De acordo com a Rádio Renascença, um dos problemas apontado pela Ordem dos Psicólogos é a forma como um dos psicólogos se apresenta no formato da estação de Carnaxide. De acordo com a Ordem,  Alexandre Machado, que se apresenta como neuropsicólogo clínico “especialista na área da avaliação e diagnóstico”, está inscrito na ordem como Psicólogo Júnior (isto é, psicólogo estagiário), pelo que não pode apresentar-se com nenhum outro título.

“Um Psicólogo Júnior tem de se apresentar como Psicólogo Júnior, isso é claríssimo”,lembra à Renascença o presidente da Comissão de Ética da Ordem dos Psicólogos. “Tem de ser claro para toda a gente que é Psicólogo Júnior, que está em supervisão", acrescenta.

À rádio, Alexandre Machado explicou que está a terminar o estágio na Ordem dos Psicólogos Portugueses, acrescentando que se apresenta como Neuropsicólogo por estar registado na British Psychological Society (BPS).

A Ordem está ainda a analisar a participação dos psicólogos no espaço público. De acordo com o código deontológico da profissão, os psicólogos não podem fazer “qualquer tipo de intervenção psicológica no espaço mediático, independentemente de qualquer consentimento dos participantes”.

"Os pareceres éticos são genéricos do que se pode e não se pode fazer (...) O que dizemos é: os psicólogos não fazem intervenção em público, é um processo privado, as pessoas sabem que as suas declarações vão ser públicas e logo não vão dizer tudo e o psicólogo vai trabalhar com informação que não corresponde totalmente à verdade e as coisas também não podem ser ditas da mesma maneira às pessoas", explicou ao Diário de Notícias o psicólogo Miguel Ricou, presidente da Comissão de Ética da OPP.

A produtora do programa, a Shine Iberia, já defendeu os dois psicólogos. "Não podemos considerar que qualquer conversa seja intervenção psicológica só porque se trata de um psicólogo, os psicólogos são pessoas”, frisou Tiago Lopes Lino, psicólogo responsável pelo formato, em entrevista à Renascença. “O que acontece ali é que há um aconselhamento que nem é psicológico, é um aconselhamento com especialistas. Uns são psicólogos, outros são coaches. Embora com formação em psicologia e coaching, eles dão apenas a sua opinião”, acrescenta.

Ainda antes da estreia do programa da SIC, foi pedido um parecer à Comissão de Ética da OPP e onde a produtora explicava a presença de psicólogos, sem que a Ordem soubesse quem eram os profissionais que iriam participar no formato. A análise foi encaminhada para o Conselho Jurisdicional que, até esta terça-feira, ainda não tinha enviado qualquer resposta à SIC.

Segundo a RR,  a Comissão de Ética da Ordem dos Psicólogos já enviou dois pareceres genéricos sobre as questões colocadas pela produção e onde é frisado que "os psicólogos, quando solicitados a comentar casos particulares, pronunciam-se sobre os problemas psicológicos em questão mas não sobre os casos particulares”. O código deontológico dos psicólogos prevê também “a impossibilidade de ser levado a cabo qualquer tipo de intervenção psicológica no espaço mediático, independentemente de qualquer consentimento dos participantes”.