A estação tinha pedido a opinião dos seus telespectadores e internautas sobre se as autoridades soviéticas deveriam ter entregado a cidade, atualmente São Petersburgo, aos nazis "para salvar centenas de milhares de vidas".

Na noite de segunda-feira, o operador TriColor TV anunciou que retirava a Dozhd da sua oferta a partir de 10 de fevereiro. Anteriormente, Akado, Rostelecom e Beelin já haviam agido da mesma forma.

"É o operador mais importante que nos restava. No início não cedeu às pressões e tínhamos muitas esperanças de que não o fizesse", afirmou à AFP Mikhail Zygar, chefe de redação da rede, um dos poucos meios de comunicação críticos ao presidente Vladimir Putin. "O seu abandono (...) é uma linha vermelha que demonstra que é travada uma autêntica guerra contra nós", acrescentou.

Com milhões de clientes, a TriColor TV constitui a principal difusora da Dozhd, que cobriu amplamente a libertação das integrantes do grupo russo punk Pussy Riot.

A sondagem que originou o escândalo foi publicada por ocasião dos 70 anos do final do cerco de Leningrado (de setembro de 1941 a janeiro de 1944), no qual a cidade perdeu dois terços dos seus habitantes, mortos de fome, frio, cansaço ou pelos bombardeios. A rede retirou-a rapidamente e a direção desculpou-se.

Os grupos parlamentares da Duma (câmara baixa do Parlamento russo) condenaram por unanimidade esta sondagem, por considerar que é uma ofensa à memória dos antigos combatentes. Vários comentadores liberais denunciam um ataque político a esta rede muito crítica ao Kremlin.

O delegado do Kremlin para os direitos humanos, Vladimir Lukin, condenou que algumas empresas deixassem de transmitir a Dozhd. "É uma rede com muito êxito, brilhante e interessante", assinalou, citado pela agência Interfax, embora critique a sondagem.

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