No relatório de acompanhamento da observância do princípio do pluralismo político de 2016, a Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) aponta que “a cobertura informativa dos canais generalistas RTP1, RTP2 e TVI destaca o conjunto do Governo e o PS, seguida dos partidos com representação parlamentar”, enquanto “para a SIC, os partidos parlamentares têm maior destaque, seguindo-se o Governo e o PS”.
De acordo com o regulador, no ano passado, a RTP1, RTP2, SIC e a TVI transmitiram 761 peças jornalísticas abordando temas como o Governo, governos regionais, partidos políticos e Presidência da República.
Destas, 227 foram emitidas no “Telejornal” da RTP1, 155 no “Jornal 2” da RTP2, 205 no “Jornal da Noite” da SIC e 174 no “Jornal das 8” da TVI, acrescenta a ERC.
A ERC indica que, “no que se refere aos partidos extraparlamentares, a sua presença é exígua ou nula”.
Já as presenças do Governo e do PS surgem “em ambas as qualidades”, isto é, na de governantes ou de partido do Governo, com um peso entre os 22% e os 25% nos programas destes quatro canais.
“No caso do conjunto dos partidos parlamentares, a variação de valores entre os serviços de programas é mais expressiva, sendo que o ‘Jornal das 8’ da TVI se constitui como o noticiário com menor representação deste conjunto de partidos, e o ‘Jornal da Noite’ da SIC aquele que mais visibilidade lhes confere”, precisa o regulador.
Relativamente aos temas, dois terços das peças de pluralismo político emitidas nos telejornais destas estações em horário nobre, no ano passado, davam conta de atividades e acontecimentos relacionados com o Governo e com os partidos políticos.
Seguiu-se a cobertura jornalística das ações do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e das políticas económicas e só depois surgiram as atividades/propostas dos partidos, refere a ERC.
Menor visibilidade tiveram os partidos extraparlamentares e os Governos e partidos das regiões autónomas, observa o regulador, exemplificando que, “num ano de eleições internas no PSD Madeira, não há peças na amostra sobre este acontecimento”.
Aludindo ao contexto, a ERC assinala que houve “peças em que a mediatização do Governo e do partido político do Executivo refletiu um contexto pouco favorável”, ao passo que se registou um “enfoque mediático tendencialmente favorável” aos partidos com representação parlamentar, divulgando as suas atividades e posições.
Pela negativa, foram transmitidas peças que relacionavam a política com assuntos como a Caixa Geral de Depósitos (CGD), “no contexto dos salários e necessidade de apresentação das declarações de rendimentos pelos gestores da entidade bancária”.
Já pela positiva, as iniciativas de Marcelo Rebelo de Sousa foram reportadas através de “situações contextuais tendencialmente positivas” para o Presidente da República, nota a ERC.
Grande parte das peças divulgadas por estes quatro canais no ano passado diziam, assim, respeito ao Governo, seguindo-se o maior partido da oposição, o PSD.
A ERC adianta que o PEV e o PAN foram os partidos parlamentares com menor número de presenças, enquanto o PCP teve “uma influência positiva em todos os noticiários”.
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