Pode não ser o papel de que Johnny Depp mais se orgulha, mas Tom Hanson, o protagonista de «Rua Jump 21», marcou uma geração. Mais de vinte anos depois, a série televisiva chega esta semana ao cinema, no filme «Agentes Secundários».

No final da década de 1980, poucas séries juvenis foram tão populares como «Rua Jump 21», a produção da Fox que mergulhou no mundo do crime tendo como cenário os ambientes do liceu. Essa mistura terá sido o segredo de cinco temporadas (entre 1987 e 1991) que ajudaram a tornar Johnny Depp num ídolo adolescente, ou não fosse ele o ator principal destas aventuras em que jovens agentes da polícia se infiltravam em escolas.

Depp foi também dos envolvidos que mais se surpreenderam com o sucesso da série, não se livrando da sua personagem tão cedo como gostaria. Mais interessado em experiências cinematográficas, o ator encarou «Rua Jump 21» como um projeto menor e temporário, mas devido a obrigações contratuais acabou por ter de ficar até ao final da quarta temporada - e mesmo assim, só conseguiu sair devido a uma rescisão.

Embora esteja longe de ser considerado como um dos pontos altos da sua carreira, é inegável que o papel lhe concedeu uma projeção muito além da que os seus primeiros desempenhos em cinema lhe possibilitaram - caso das participações secundárias em «Pesadelo em Elm Street» (1984) ou «Platoon - Os Bravos do Pelotão» (1986). Não foi caso único, já que «Rua Jump 21» também funcionou, ainda que de forma mais discreta, como veículo para Brad Pitt, Bridget Fonda, Josh Brolin, Christina Applegate, Jada Pinkett Smith ou Vince Vaughn, entre muitos outros atores que tiveram aqui pequenos papéis.

Depp não deixa de reconhecer esse impacto e, talvez por isso, regressa para uma breve aparição em «Agentes Secundários», o filme que atualiza o universo da série criada por Patrick Hasburgh e Stephen J. Cannell (mesmo que a tradução portuguesa do título dificilmente o sugira).
Ao contrário do que vimos na televisão, o parente cinematográfico deixa de lado abordagens didáticas, muitas vezes moralistas, a temas fraturantes como o alcoolismo, o consumo de drogas, a homofobia, o racismo ou o abuso sexual, abdicando também do drama e romance juvenis. A aposta é agora na comédia e, à partida, parece apropriada: afinal, o efeito cómico, ainda que através de um humor geralmente involuntário, é bem capaz de ser a reação natural caso alguém se cruze, mais de vinte anos depois, com um episódio da série. Johnny Depp que o diga.

@Gonçalo Sá

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