Segundo a produtora, a série terá cinco episódios - e não oito como anunciado no final de 2021 -, e será rodada a partir de setembro no Mindelo, em Lisboa e ainda em França, seguindo os passos da vida de Cesária Évora.

Há ainda outras alterações ao projeto inicial revelado em outubro, nomeadamente a escolha da protagonista que fará de Cesária Évora. A cantora Eliana Rosa é substituída pela atriz Soraia Tavares, que fez parte da versão portuguesa do musical "Chicago", revelou a produtora.

O elenco contará ainda com as participações, entre outros, de Igor Regalla, Flávio Hamilton e Sérgio Praia.

A realização da série ficará entregue a Diana Antunes e a banda sonora ao músico Dino d'Santiago.

Em outubro passado, o realizador Hugo Diogo, proprietário da Lanterna de Pedra Filmes, explicava à agência Lusa que a ideia da série é "contar a história da Cesária Évora desde a infância até à hora da morte, até ao dia em que ela morre e está a ser entrevista por um jornalista".

"É uma série que quer ser o mais aproximado possível à realidade que Cesária viveu, obviamente tendo alguma liberdade criativa para tocar algumas notas de fantasia, mais líricas e mais oníricas. Uma vez que a série é muito musical, eu gostava que a música pudesse transpor esse visual, pudesse ter uma cor ou linguagem visual nesta série", afirmou o realizador português.

"Sodade" não é um 'biopic' sobre a "diva dos pés descalços", que morreu aos 70 anos, em dezembro de 2011.

"Não será bem um 'biopic', porque há alguma liberdade para nos inspirarmos em algumas situações e se calhar transformá-las. Mas é tudo baseado em contos, na biografia da Cesária que saiu há pouco tempo pela jornalista polaca [Elzbieta Sieradzinska] e em situações contadas na primeira pessoa, por pessoas que partilharam a vida com ela", explicou.

Cesária Évora, 'Cise', a "diva dos pés descalços" como era tratada pela imprensa, nasceu em 1941 na cidade do Mindelo, no seio de uma família de músicos.

Numa das muitas entrevistas que deu, certa vez afirmou: “Tudo à minha volta era música”. O pai, Justiniano da Cruz, tocava cavaquinho, violão e violino, e entre os amigos contava-se o mais emblemático compositor cabo-verdiano, B.Leza.

A independência de Cabo Verde, em 1975, coincide com o início de um período difícil de vida da artista, que deixou de cantar e enfrentou problemas de alcoolismo.

Em 1985, a convite de Bana, proprietário de um restaurante e de uma discoteca em Lisboa, Cesária Évora ruma à capital portuguesa, onde grava um disco que passou despercebido à crítica, seguindo depois para Paris, ponto de partida para outros palcos do mundo.

Em 1988, grava “La diva aux pied nus", álbum aclamado pela crítica. Nesta fase da sua carreira tem um papel fundamental, que se manteve até ao final, o empresário José da Silva ("Djô"). Em 2004, recebeu um Grammy pelo disco “Voz d’Amor”.

Em setembro de 2011, numa entrevista ao jornal francês Le Monde, Cesária Évora afirmava que tinha de terminar a carreira por aconselhamento médico. Nesse mesmo dia, foi internada em Paris por ter sofrido "mais um acidente vascular cerebral". Morreu a 17 de dezembro de 2011.

Este ano, a vida da artista cabo-verdiana foi lembrada no documentário "Cesária Évora", de Ana Sofia Fonseca, que se estreou no festival South by Southwest, nos Estados Unidos.