A quarta temporada coloca Hank Moody perante o escrutínio da família e da lei, com o protagonista a continuar a cavar um buraco cada vez mais fundo num concertado processo de autodestruição. Hank essencialmente pensa, escreve e bebe tentando manter tudo em ordem em relação à filha, à mulher e o trabalho mas sem grande efeito pois tudo se desmorona à sua volta.
Sem o ruído da intoxicação do álcool, drogas e o sexo, o protagonista no fundo é um pai e um marido que nem sempre age da melhor maneira com a vida e o amor. A inteligência desta temporada verifica-se numa estrutura narrativa que coloca o personagem a revisitar os erros e os devaneios da sua existência quando alguém decide adaptar a sua biografia. Os erros do passado repetem-se no presente para chegarmos à conclusão que Hank não tem conserto.

O seu estado de melancolia e tristeza infinita só encontra um amigo, Charlie Runkle (Evan Handler) o agente que tenta reavivar a carreira de ambos e atravessa uma fase de libertinagem com o divórcio de Marcy (Pamela Adlon). Esta encontra um produtor milionário que deseja cuidar da esteticista das estrelas. Karen (Natascha McElhone), a esposa de Hank, tenta esquecê-lo, após o marido ser acusado de violação de menores, mas é impossível pois só ela conhece o lado sensível do marido. Madeleine Martin, que interpreta a filha de Hank, continua a surpreender com boas interpretações na sua narrativa sobre os escapes de uma jovem sitiada por uma família disfuncional.

Em doze intensos episódios, que se vêm num piscar de olhos, as narrativas levam o desatino e o bom coração de Hank a cruzar-se com uma jovem estrela de cinema (Addison Timlin) que deseja filmar o livro baseado nas aventuras do escritor. E mais um encontro imediato de terceiro grau quando surge a sua advogada (interpretada pela atraente Carla Gugino) que tenta evitar que Hank não seja preso pela sua indiscrição passada. "Californication" continua a atrair talento: nas suas temporadas, além das referidas Gugino e Timlin, juntam-se ao elenco fantástico as participações de Zoë Kravitz, Michael Ealy, Callie Thorne e Rob Lowe.

O caos existencial criado por Tom Kapinos está bem de saúde e recomenda-se. O registo, pouco aconselhável a cardíacos e puritanos, continua a carregar personagens politicamente incorretas e diálogos altamente picantes e viperinos. A conclusão da quarta temporada obriga a série a reinventar-se... ficamos à espera dos próximos capítulos.