"A Forma da Água", descrita no Festival de Veneza, onde ganhou o Leão de Ouro, como "uma fábula magistral e delicada sobre o amor" e o melhor trabalho do realizador Guillermo del Toro desde "O Labirinto do Fauno" (2006), surge com umas impressionantes 13 nomeações (o recorde permanece nas 14 de "Eva" (1950), "Titanic" (1997) e "La La Land" (2017).

Entre elas está a de Melhor Guarda-Roupa, em que está nomeado Luís Sequeira. Não é um mexicano, como del Toro, ou espanhol: a mãe é uma portuguesa que emigrou para o Canadá.

Nascido em Toronto, onde vive, o trabalho do luso-descendente em filmes de terror como "A Coisa" (2011), "Carrie" (2013) e "Mamã" (2013) acabou por conduzi-lo à colaboração com "The Strain", a série do género fantástico criada por del Toro em 2014 e ainda em exibição.

Foi aí que o realizador lhe falou que ia fazer "A Forma da Água", ainda na fase em que queria filmá-lo a preto e branco. A pesquisa começou logo e não obstante a decisão posterior de rodar a cores, o "look" que serviu de inspiração foi mesmo o preto e branco do "cinema noir" e da época da "Quinta Dimensão", situado no final dos anos 50, como explicou numa entrevista à revista internacional Film Doctor.

Luís Sequeira revela que começou como estilista antes de se virar para o mundo do cinema, onde começou como estagiário.

O currículo revela que foi assistente na série "Sexta-Feira 13" (1990) e o primeiro crédito no cinema foi com uma produção de terceira linha chamada "Breaking Point/ Suspeita Dupla" (1994), com Gary Busey e Kim Cattrall. Seguiram-se mais telefilmes e séries, antes de um regresso ao cinema com "Rápidos e Mortais" (2004).

"Toda esse percurso de trabalhar de baixo para cima em todos os trabalhos do departamento foi realmente muito importante. Mesmo depois de fazer muitos projetos, assisti outros grandes 'designers' e devo dizer que essas experiências permitiram-me ver os processos criativos de outras pessoas e sem dúvida experimentar outras realidades, o que fez de mim um 'designer' melhor.", explicou à revista.

Nesse contexto, é possível ver que Luís Sequeira foi assistente em filmes como "K-19: The Widowmaker" (2002), "Giras e Terríveis" (2004), "Cinderella Man" (2005) e "Hollywoodland" (2006).

A entrada como responsável pelo guarda-roupa em títulos de mais prestígio deu-se pelo circuito independente mas com atores de primeira linha, com "Quebra de Confiança" (2007), "Charlie Bartlett - Psicanálise Para Todos" (2007) e "Rasgo de Génio" (2008).

Luís Sequeira visita frequentemente o nosso país e fez anos há poucos dias. A nomeação com "A Forma da Água" é a maior "prenda" da sua carreira.