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O mais recente filme da saga "Capitão América" teve antestreia em Hollywood na terça-feira e apresenta uma visão dos EUA fora de sintonia com a era Trump, com um elenco diverso, uma mensagem central sobre unidade e um endosso à diplomacia internacional.
Escrito e filmado antes do regresso de Donald Trump como presidente, o mais recente filme da Marvel Studios já enfrentou uma reação online de alguns setores da direita devido aos comentários do ator principal Anthony Mackie considerados antipatrióticos.
No mês passado, Mackie, o primeiro ator negro a interpretar o super-herói, tornou-se um alvo depois de tentar defender a mensagem universal do Capitão América como um ideal de boa consciência e incorruptibilidade.
“O Capitão América representa muitas coisas diferentes, e não acho que o termo ‘América’ deva ser uma dessas representações”, disse num evento promocional. “É sobre um homem que cumpre a sua palavra, que tem honra, dignidade e integridade.”
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Em "Capitão América: Admirável Mundo Novo", Mackie voa, luta e atira o seu famoso escudo em busca da paz mundial ao lado do imperfeito e instável presidente Thaddeus Ross, interpretado por Harrison Ford.
Ross está a tentar negociar um tratado internacional com os aliados da América para partilhar um novo metal precioso descoberto numa ilha no Oceano Índico, mas está a ser frustrado pelas suas associações anteriores e por um gangue criminoso internacional.
“Não mancharia nenhum filme com a realidade do mundo em que vivemos agora”, disse Harrison Ford à France-Presse (AFP) na passadeira vermelha da estreia mundial em Los Angeles.
“Prefiro a realidade do Universo Marvel às notícias da manhã”, acrescentou o lendário ator, a fazer a sua primeira incursão no mundo dos super-heróis aos 82 anos.
Sociedade partilhada
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Mackie substituiu Chris Evans, o favorito dos fãs de longa data, no papel principal do Capitão América, e as suas dúvidas internas e a síndrome do impostor são temas da história.
O ator disse à AFP que o novo título está a construir uma “segunda fase” da saga, “com um Capitão América completamente diferente, um enredo completamente diferente, mas ainda com a mesma qualidade dos filmes”.
Dirigido pelo nigeriano Julius Onah, “Admirável Mundo Novo” apresenta um elenco diverso, incluindo Danny Ramirez e Xosha Roquemore.
Onah disse que insistiu em inserir uma frase no final em que o Capitão América diz a Ross que “se não conseguimos ver o que há de bom um no outro, já perdemos a luta”.
“Acho que isso fala da obrigação moral que todos temos uns com os outros numa sociedade partilhada, mesmo quando podemos ver as coisas de forma diferente”, disse à Vanity Fair.
Tais sentimentos estão fora de moda no Partido Republicano de Trump, com a sua postura hostil em relação à diversidade e a sua agressiva política externa “América em Primeiro Lugar”.
Nas suas primeiras três semanas no cargo, o novo presidente dos EUA prosseguiu uma “guerra ao wokismo”, cancelando programas federais de diversidade, retirando os EUA de tratados internacionais e ameaçando os aliados da América.
Resta saber se a última oferta da Marvel pode apelar para além das linhas políticas num ambiente tão polarizado.
Onah disse à AFP que “ao contar uma história como esta, haverá sempre coisas que afetam o mundo em que vivemos”, mas disse que a sua prioridade é criar “um grande escapismo para o público se divertir”.
O estúdio de Hollywood, propriedade da Disney, é visto pelos observadores da indústria como precisando de um triunfo nas bilheteiras após uma série de deceções recentes na televisão e no cinema, incluindo "As Marvels", que fracassou em 2023.
Os fãs do Capitão América original dos anos 1940 apontam que as mensagens do filme mais recente - e do seu ator principal e realizador - são fiéis às da história em banda desenhado do ataque ao nazismo, que foi criada em resposta ao fascismo europeu e ao isolacionismo americano durante a Segunda Guerra Mundial.
"Capitão América: Admirável Mundo Novo" chega a Portugal na quinta-feira, um dia antes da estreia nos cinemas dos EUA, com previsões de receitas de 90 milhões de dólares.
VEJA O TRAILER.
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