«E o Tempo Passa», que se estreia hoje, 10 de Março, nos cinemas, é a primeira longa-metragem de
Alberto Seixas Santos desde
«Mal», de 1999, e é uma história com personagens solitárias que fala sobre o amor e a felicidade. O filme é protagonizado por
Sofia Aparício e por
Isabel Ruth, actrizes de duas gerações que contracenam enquanto actriz de telenovela (Teresa) e directora de guarda roupa dessa produção televisiva (Renata).

Ambas debatem-se com a solidão e com histórias de amor passadas, mas o rumo que dão à vida de cada uma será determinante e totalmente diferente. A actriz de telenovela, que já foi um modelo internacional, desespera com a carreira na representação e com uma paixão passada, e tenta lidar com a pressão do poder da imagem e do envelhecimento. A directora de guarda roupa vive na ilusão de um amor que já morreu, assume quase um papel maternal em relação à actriz e tem um final mais trágico.

«O que me interessava [neste filme] era sobre o tempo que passa, porque as pessoas são todas um bocadinho solitárias e as amizades são efémeras. É um mundo que não tem grande futuro e a felicidade é uma coisa que anuncia sempre um futuro», explicou Alberto Seixas Santos à agência Lusa.

O filme «E o Tempo Passa» é também uma obra sobre realidade e ficção, porque mostra as filmagens de uma telenovela e se o espectador estiver desatento não perceberá as diferenças entre o que é encenado e o que é verdadeiro.

«Eu queria que ele [o espectador] tivesse que fazer um bocadinho o trabalho do leitor. Quando lemos um livro temos que trabalhar um bocadinho para o ler. Ao espectador quer-se dar toda a papa cozinhada e isso a mim irrita-me», sublinhou o realizador.

Aos 74 anos, Alberto Seixas Santos não tem urgência em ser realizador. É considerado um dos nomes do movimento dos anos 1960 do novo cinema português, ao lado de Fernando Lopes ou Paulo Rocha, e é o autor de «Brandos Costumes» (975), referência na cinematografia nacional.

Demorou mais de dez anos para estrear uma nova longa-metragem, porque até aqui não tinha encontrado nada que lhe apetecesse filmar, disse. «Há dez milhões de histórias, mais ou menos iguais, que podia filmar, mas não me apetecia. Não gosto de ver e fazer filmes que já foram vistos ou feitos. Todas as narrativas... mais ou menos já alguém andou por elas», explicou.

Por isso, desta vez o que fez a diferença foi querer «jogar nesse cruzamento e nessa confusão» entre realidade e ficção, que o filme aborda. «Não tenho uma necessidade grande de filmar. Tenho mais necessidade de ver bom cinema do que fazer cinema», reconheceu o realizador.

Por ocasião da estreia do filme de Alberto Seixas Santos, o ABC Cine-Clube de Lisboa publicou uma monografia retrospectiva da obra, reunindo alguns ensaios do cineasta, depoimentos de amigos e colegas, por exemplo, dos primeiros tempos do cineclubismo.

SAPO/Lusa

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