O concelho de Alvaiázere vai voltar a ter cinema a partir do primeiro trimestre de 2024, no auditório que tem o nome do realizador Fernando Lopes, disse na quarta-feira à agência Lusa o vereador Flávio Craveiro.
“Praticamente duas décadas depois, voltaremos a ter cinema em Alvaiázere”, afirmou Flávio Craveiro, destacando a mais-valia que representa a iniciativa para democratizar o acesso à cultura e fazer regressar o cinema à sede do concelho onde nasceu Fernando Lopes (1935-2012).
O início do procedimento para a aquisição de equipamento de projeção digital de cinema e de vídeo, imagem e tecnologia para o Auditório Fernando Lopes da Casa da Cultura de Alvaiázere constava da ordem de trabalhos da reunião do executivo municipal de quarta-feira.
Segundo o vereador, trata-se de um investimento de cerca de 150 mil euros em equipamento de cinema digital, sendo que aquela autarquia do distrito de Leiria terá ainda de “fazer mais algum investimento na melhoria do auditório”.
“Este investimento tem financiamento do PRR [Plano de Recuperação e Resiliência]. É uma medida de modernização das infraestruturas da rede de equipamentos culturais promovida pelo GEPAC [Gabinete de Estratégia, Planeamento e Avaliação Culturais]”, referiu.
O autarca explicou que, “atualmente, um alvaiazerense que queira ver um filme que está em exibição tem de se deslocar a uma das cidades mais próximas, o que, obviamente, limita estes conteúdos a uma grande parte da população”.
Flávio Craveiro adiantou que a previsão da Câmara é a de ter exibição de cinema no primeiro trimestre de 2024, “se a parte administrativa decorrer na normalidade e também quem vier fazer o devido trabalho cumprir”.
“Temos uma grande preocupação em fazer chegar a cultura a todos”, frisou, destacando que “será uma enorme mais-valia” ter cinema num espaço que habitualmente recebe outros eventos culturais.
O vereador salientou ainda que, a partir do momento em que a obra estiver concluída, qualquer alvaiazerense vai poder ver filmes, “de forma muito mais barata e muito mais fácil do que ter de se deslocar a uma cidade”.
“Esta iniciativa enquadra-se na nossa estratégia de modernizar e digitalizar os nossos espaços e os nossos serviços, mas, essencialmente, a nossa preocupação é fazer chegar a cultura a todos, é democratizar a cultura. Aí, sim, será uma grande mais-valia para conseguirmos cumprir este objetivo”, acrescentou.
O realizador Fernando Lopes, natural de Maçãs de D. Maria, “foi protagonista na criação do movimento cineclubista português e um dos elementos fundamentais na criação do ‘novo cinema’ em Portugal”, segundo informação da Câmara.
Na filmografia do realizador destacam-se "Belarmino" (1964), "Uma Abelha na Chuva" (1972), "O fio do Horizonte" (1993) e "O Delfim" (2002). No final da década de 1970, Fernando Lopes foi diretor de programas da RTP2 e em 2008 recebeu o Prémio Carreira do Fantasporto.
“Em câmara lenta” (2011) foi o último filme dirigido por Fernando Lopes, que morreu no ano seguinte, com 76 anos.
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