Uma das últimas grandes surpresas na cerimónia de entrega dos Óscares deu-se em 2005, com a vitória inesperada de "Colisão" à estatueta de Melhor Filme, num ano particularmente rico em cinema de qualidade. Dez anos volvidos, até o seu realizador e argumentista, Paul Haggis, questionou a decisão em entrevista à Variety.
“Houve grandes filmes nesse ano. "Boa Noite, e Boa Sorte.", um filme surpreendente. "Capote", um filme excelente. "O Segredo de Brokeback Mountain", um grande filme. E ainda o "Munique", do Spielberg. Repare bem, que grande ano. O "Colisão", por alguma razão, afectou as pessoas, tocou as pessoas. E não podemos julgar estes filmes assim", afirmou Paul Haggis.
O cineasta, que ganhou na mesma noite o Óscar de Melhor Argumento Original pelo mesmo filme, avançou que "estou muito contente por ter aqueles Óscares. São adoráveis. Mas não me deviam perguntar qual era o melhor filme do ano porque eu não votaria no "Colisão", só porque consigo ver o valor artístico dos outros filmes".
Mesmo assim reconhece que, "por alguma razão, ["Colisão"] é o filme que mais tocou as pessoas naquele ano. Acho que é por isso que votaram nele, foi algo que as tocou bastante. E estou muito orgulhoso que o "Colisão" afecte as pessoas. As pessoas ainda vêm ter comigo para dizer "esse filme mudou a minha vida". Já ouvi isso dezenas e dezenas e dezenas de vezes. Por isso fiz bem esse trabalho. Eu sabia que era a experiência social que eu queria fazer, por isso acho que é uma boa experiência social. É um grande filme? Não sei."
"Colisão", co-escrito, produzido e realizado por Haggis, ganhou os Óscares para Melhor Filme, Melhor Argumento Original e Melhor Montagem na 78ª cerimónia de entrega das estatuetas douradas. A fita cruza várias histórias e personagens, e explora as tensões raciais na cidade de Los Angeles.
O cineasta, que já tinha ganho visibilidade como argumentista com "Million Dollar Baby - Sonhos Vencidos" e assinaria depois os guiões de "As Bandeiras dos Nossos Pais" ou "Casino Royale", realizou a seguir filmes como "No Vale de Elah", "72 Horas" e "Na Terceira Pessoa".
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