Nos últimos anos, Liam Neeson tornou-se um sinónimo de herói de ação. Fitas como «Busca Implacável» (2008), «The Grey - A Presa» (11) ou «Non-Stop» (14) fizeram do ator norte-irlandês uma referência do género.

No papel, «O Caminho Entre o Bem e o Mal», escrito e realizado com austeridade por Scott Frank (baseado no livro homónimo de 1992 de Lawrence Block), parecia ser mais do mesmo, com a habitual dose de tiros, perseguições e pancadaria de meia-noite - o recente «type casting» de Neeson levou-nos ao engano – mas perante o espetador apresenta-se um sólido policial sem papas na língua. Os diálogos são lacónicos e o enredo não se perde em rodriguinhos, Neeson faz o resto.

A figura estóica de Liam Neeson encarna Matt Scudder, um antigo detetive de homicídios da polícia de Nova Iorque. A ação desenrola-se em 1999, à beira do «fim do mundo», e Matt vive assolado pelo passado e a sua reforma antecipada provocada pelo alcoolismo. Debatendo os seus demónios, vai fazendo biscates como detetive privado para sobreviver quando lhe é apresentada a possibilidade de investigar um caso relacionado com um assassino em série que ataca vítimas que não podem recorrer à polícia por serem as esposas de traficantes de droga.

Os crimes hediondos levam-nos aos mais recônditos lugares da alma humana, num policial negro de investigação onde o cérebro fala mais alto do que as balas. O detetive vai ter ao seu lado um estranho companheiro: um jovem artista que vive nas ruas que é uma caixinha de surpresas, um «side-kick» que alivia a tensão do enredo trazendo momentos mais ligeiros a uma narrativa emocionalmente densa. É uma boa performance de Brian «Astro» Bradley, um miúdo que vai dar que falar (é possível vê-lo na recém-estreada série «Red Band Society»).

«O Caminho Entre o Bem e o Mal» é uma aposta segura: um policial cru e cerebral «à anos 70», indicado para homens de barba rija.

JORGE PINTO

3 estrelas

Revista Metropolis