Atualmente com 62 anos, Demi Moore é vista como uma potencial participante na temporada de prémios com o filme "A Substância", da francesa Coralie Fargeat.

É preciso recuar décadas para ver quando a sua carreira disparou, com os sucessos de "Ghost" (1990), "Uma Questão de Honra" (1992) ou "Proposta Indecente" (1993).

No entanto, a atriz sabe muito bem qual foi o momento em que começaram a tentar deitá-la abaixo: quando o salário rivalizou com os dos colegas masculinos.

Mais precisamente quando se tornou a atriz mais bem paga do mundo com os 12,5 milhões de dólares por "Striptease" em 1996, onde interpretava uma mulher que, vingar no sistema, ganhar dinheiro e recuperar a custódia da filha após perder o emprego, decidia que tinha de usar todas as suas armas, inclusive o seu corpo.

"Bem, com 'Striptease' parecia que tinha traído as mulheres, e com 'G.I. Jane' [1997, em que rapou o cabelo], parecia que tinha traído os homens. Mas acho que o que é interessante é que, quando me tornei a atriz mais bem paga — porque é que, naquele momento, a escolha foi derrubar-me? Não encaro isto de forma pessoal. Acho que qualquer pessoa que estivesse na posição de ser a primeira a obter esse tipo de igualdade salarial provavelmente teria sido atacada. Mas porque fiz um filme que lidava com o mundo do striptease e o corpo, fui muito humilhada", disse Moore num podcast do jornal The New York Times.

"Striptease" (1996)

Na altura, a atriz também era casada com outra grande estrela, Bruce Willis. E embora diga que nunca fez comparações de carreira, sabia o que ele estava a ganhar pelos seus filmes e achou que era completamente justo o salário por "Striptease”.

"Não se tratava de me comparar com ele. Sim, via o que ele recebia, mas era mais sobre: 'Por que não eu? Se estou a fazer o mesmo trabalho, por que não?' E não é diferente de quando fiz a capa da Vanity Fair grávida. Não percebi porque é que era algo de especial, porque é que as mulheres grávidas precisavam ser escondidas? Porque é que temos de negar que tivemos relações sexuais? O medo é esse, não é? Que se mostrar a barriga, significa, 'oh, meu Deus, tiveste relações sexuais", recordou.