BAIT

O realizador britânico Mark Jenkin estreou-se na realização propondo uma espécie de manifesto (“Silent Landscape Dancing Grain 13”) e agora surge com um filme rodado a preto-e-branco em película 16mm processada a mão. Selecionado para a Forum da Berlinale, "Bait" (foto) passa na Competição no IndieLisboa.

Tal como o próprio processo “arcaico” que defende o cineasta, o enredo gira em torno de um pescador em dificuldades financeiras que assiste ressentido ao irmão introduzir o turismo na sua pequena aldeia da Cornualha, iniciando um processo de descaracterização do local.

Sobre as praias e casas de uma vila piscatória, o resultado é um desafio: Jenkin não se ficou pela defesa do “cinema manual” para a sua “performance” estilística, mas também fez experiências com a montagem que remetem para Jean-Luc Godard.

THE GRANDE BIZARRE

De certa forma, ainda mais experimental é este exercício da norte-americana Jodie Mack, que utiliza sem diálogos uma série de signos (globos, mapas, representações de meios de transporte) e muitos tapetes para compor uma espécie de quadro abstrato, apresentado com o uso do recurso ao acelerado, sobre as “viagens” efetuadas pelos têxteis ao redor do mundo.

Em causa entram símbolos de mecanização, do trabalho manual, do sistema de compartimentação do conhecimento (o uso das gavetas, das fórmulas, dos livros) e da vasta globalização conforme as viagens dos tapetes. Mack tem trabalhado com animação experimental nos últimos 15 anos e esta é a sua estreia nas longas-metragens.

SEUS OSSOS E SEUS OLHOS

Da vasta mostra de cinema brasileiro desta edição do IndieLisboa, essa obra de Caetano Gotardo aposta num filme calmo, repleto de longos diálogos, entrecortados com silêncios, para captar a sutileza dos modos de perceção, o papel do corpo num quadro sobre sentimentos e relacionamentos. Segundo filme do cineasta depois de “O que se Move”, apresentado no festival em 2013.