
O mais importante estúdio de Hollywood entrou no debate à volta da controversa lei antiaborto aprovada pelo estado da Geórgia.
Sem anunciar categoricamente a retirada da rodagem dos seus filmes do estado conhecido como a "Hollywood do sul", o CEO da Disney Bob Iger referiu que o seu estúdio teria "muitas dificuldades" em mantê-las se a lei entrar em vigor no próximo ano.
Em causa ficariam as importantes produções da Marvel, filmadas nos estúdios de Atlanta para aproveitar os incentivos fiscais, milhões de dólares e milhares de postos de trabalho.
Numa entrevista à Reuters, este responsável salientou que "duvido muito que iremos [ficar]. Acho que muitas pessoas que trabalham connosco não vão querer trabalhar lá e vamos ter de respeitar os seus desejos nessa situação. Neste momento, estamos a analisar com muito cuidado."
"Não vejo como será prático para nós continuar a filmar lá", acrescentou.
A Geórgia [sudeste dos EUA] é um dos vários estados que aprovaram recentemente duras legislações contra o aborto, que procuram, além disso, a revogação da histórica decisão de 1973 do Supremo Tribunal dos EUA no caso Roe vs Wade, que legalizou a interrupção da gravidez em todo o país.
Após a aprovação e sanção da chamada lei do "batimento cardíaco", que proíbe interromper a gravidez após as seis semanas de gestação, várias estrelas e produtores garantiram que iriam boicotar filmagens no estado. Outros responsáveis, já com produções em andamento, anunciaram que iriam doar os seus salários aos grupos que estão a contestar a lei.
Hollywood manteve um silêncio ensurdecedor, mas no início desta semana a Netflix tornou-se o primeiro grande estúdio a criticar a proposta de lei e admitir que reconsideraria as filmagens, que incluem as produções "Stranger Things", "Ozark" e "Insatiable".
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